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13 de mai. de 2012

Tsar-Bomba, a maior de todas as bombas já construídas


Na década de 1960, durante o auge da Guerra Fria, os EUA e a extinta União Soviética estavam numa disputa ideológica de egos e de nervos que, mais de uma vez, quase levaria o mundo à destruição pelas armas nucleares, principalmente durante a Crise dos Mísseis Cubanos. Ambos os países fabricaram dezenas de milhares de bombas atômicas, cada qual querendo produzir armas em maior quantidade e com maior poder de destruição, gerando uma enorme tensão em todo o mundo, que temia uma aniquilação total, o holocausto que seria causado pelo uso de apenas uma pequena parte daquele arsenal, que por sinal já estava apontado para o inimigo; os EUA apontaram seus mísseis intercontinentais para a URSS, e a URSS apontou os seus para o EUA e os aliados deste. O menor pretexto iniciaria uma guerra nuclear total. Foi nesse contexto que surgiu a "infame" Tsar-Bomba.


A antiga Rússia sempre teve a tradição ao longo dos séculos de construir máquinas e objetos gigantescos para demonstrar poder, como símbolos políticos, como o Tsar Tank, um grande e incomum tanque usado na 1ª Guerra Mundial em forma de quadriciclo, que pesava 40 toneladas e tinha um imenso canhão de 150 mm. Como todo bom país comunista, o governo russo, e mais tarde, o soviético, nunca se importou em deixar seu povo morrer de fome, frio e viver na extrema miséria, enquanto os fazia trabalhar a duras penas nas fábricas e plantações estatais para bancar suas ambições, guerras caras e idiotas (perdendo feio a grande maioria delas) e extravagâncias dignas duma criança mimada. Mesmo assim o povo russo teve uma história gloriosa, produzindo algumas das mais brilhantes mentes científicas e visionárias de nossa era, entre elas, os homens que construíram as primeiras naves e foguetes capazes de levar o homem ao espaço e dominar o poder de "quebrar" e fundir o átomo. Estes foram os maiores responsáveis por criar a superpotência militar soviética que faria frente aos EUA durante muitas décadas.


Apesar disso tudo, a URSS não abandonaria a sua tradição de constuir coisas grandes para demonstrar poder e fazer sua propaganda ideológica, arma importante durante a Guerra Fria. Foi então que uma equipe de físicos soviéticos, sob ordens do premiê Nikita Krushchov, criou a Tsar-Bomba, de codinome "Ivan". A Tsar-Bomba (em russo, Царь-бомба) era uma bomba termonuclear de hidrogênio de três estágios, com uma potência entre 50 e 57 megatons (equivalente a 57 milhões de toneladas de dinamite), muito mais poderosa que qualquer outra já construída na História até hoje, quase 4 vezes mais poderosa que a maior testada pelos EUA (Castle Bravo) e equivalente a todos os explosivos utilizados na 2ª Guerra Mundial multiplicados por dez. Inicialmente foi projetada para ter 100 megatons, mas, como a radiação liberada pela explosão atingiria a própria URSS, sua potência teve de ser reduzida em quase metade com alterações no seu último estágio. A bomba pesava 27 toneladas e tinha 8 metros de comprimento por 2 de diâmetro, tornando-se assim não muito prática para a guerra devido ao enorme tamanho e peso. Bem diferentes das bombas nucleares atuais, de pequeno tamanho e menor potência, para ataques de maior precisão.


Na manhã de 30 de outubro de 1961, dia do teste da Tsar-Bomba, um bombardeiro modificado - para conseguir transportá-la -, seguido de um outro avião que filmaria o teste e coletaria amostras de ar, atirou-a sobre a ilha de Nova Zembla, no Oceano Ártico, de uma altura de mais de 10 km. Sua queda foi retardada por um grande para-quedas de 800 kg, para dar tempo dos aviões escaparem ilesos.


Quando a Tsar-Bomba caiu para 4 km de altura, sensores de pressão atmosférica acionaram o detonador, explodindo-a. A imensa bola de fogo rapidamente tocou o chão e se expandiu à quase a mesma altura do bombardeiro, liberando calor suficiente para causar queimaduras de 3º grau em pessoas que estivessem a 100 km de distância e podendo ser vista a mais de 1000 km. Em seguida levantou-se uma grande nuvem em fórma de cogumelo, que atingiu 60 km de altura e 35 km de largura. Conta-se, embora não seja confirmado, que a onda de choque e o tremor causado pela explosão chegaram a ser sentidos em outros países como a Finlândia, onde quebrou algumas janelas. Estima-se que a temperatura da explosão chegou a vários bilhões de graus, a mesma temperatura do Big Bang, evento que deu início ao Universo atual (não, não foi "a explosão que criou o Universo"). Se a bomba tivesse sido realmente construída com a potência de 100 megatons como inicialmente planejado, a escala de destruição seria praticamente dobrada.


Construção e teste da Tsar-Bomba, em 1961


Existem sempre, é claro, aqueles tolos que acreditam que tais bombas nunca foram construídas e testadas com sucesso, assim como acreditam que o Homem nunca pisou na Lua, que os vídeos e fotos são forjados e que tudo isso foi uma farsa, entre outras bobagens. É claro que eles se esquecem que muitas outras coisas também foram inventadas naquela época para propósitos militares, como a INTERNET (que serviria justamente para proteger as comunicações e dados dos EUA no caso de um ataque nuclear soviético). Curioso como não duvidam da existência da internet, não é mesmo?