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20 de mai. de 2012

Israelenses e iranianos querem paz


Israelenses e iranianos trocam mensagens de paz entre si


Casal com um israelense e uma iraniana divulgam seu amor pela paz entre os povos
Com a velha e conhecida pose de bom moço, os americanos apontam seus mísseis em direção ao Irã. As desculpas são velhas conhecidas de outras guerras: eles (iranianos) são malvados; eles suportam o terrorismo; eles querem construir uma bomba atômica para destruir você, cidadão americano. A razão para essa campanha contra o Irã também é outra velha conhecida: dinheiro. O Irã já foi fantoche americano, exportando bilhões de barris para o seu parceiro insaciável por petróleo. A revolução islâmica, encabeçada pelo Aiatolá Khomeini, contudo, acaba com a festa dos americanos.
Mensagem dos israelenses aos iranianos: nós nunca iremos bombardear seu paísO Irã repousa sobre a terceira maior reserva de petróleo do planeta, enquanto os EUA não possuem nem um décimo disso – e veem suas reservas rarearem cada vez mais devido ao padrão de consumo insustentável do “american way of life”. Além disso, o Estado de Israel – um estado genocida que sonha exterminar os palestinos – tem um poderosíssimo lobby no congresso dos EUA. Ganha uma “mesada anual” de 3 bilhões de dólares do Tio Sam enquanto bloqueia as fronteiras de Gaza para ver os palestinos morrerem de inanição.
Israel tem um objetivo legítimo, mas conquistado por meios cruéis e injustos. Essa sua soberania, alcançada com o derramamento de muito sangue e com o sofrimento dos povos da região, não surpreendentemente lhe rendeu inimigos. O Irã é declaradamente um deles. Ainda assim, é mais provável ver Israel atacando o Irã do que o contrário, segundo analistas, devido a todo um conjunto de fatores políticos, econômicos e diplomáticos do Irã com seus vizinhos.
O Irã busca sua autossuficiência energética apostando na energia nuclear. Contudo, os “aliados” dizem que o programa nuclear do iraniano visa à construção de bombas atômicas. Isso é visto como uma ameaça ao mundo. Ao mundo? Não falem por mim. Eu me sinto, sinceramente, muito mais ameaçado pelos EUA do que qualquer outro país. Vejamos... é o país envolvido em quase todos os conflitos e instabilidades políticas (criadas por eles) após a Segunda Guerra Mundial. Possui o maior arsenal nuclear. Ataca quem ele quer, com ou sem consentimento da ONU. Foi o ÚNICO país na história que usou a bomba atômica contra um inimigo.
Neste cenário, Israel provoca e ameaça o Irã de forma séria com ataques preventivos contra instalações nucleares iranianas. Qualquer ação neste sentido se elevaria rapidamente para uma guerra entre os dois países. Quem ganha com isso? Os EUA, claro! Assistem tudo de longe, desovam em Israel mais uma leva das armas em estoque, enchem os bolsos dos congressistas e empresários envolvidos com a indústria bélica, enfim, a história de sempre. Em tempos de crise, é uma boa saída, não?
Mas nem todos querem isso. Na verdade, uma pesquisa do jornal Ha’aretz apontou que 55% dos israelenses são contrários a ataques contra o Irã. E este descontentamento para com os senhores da guerra, sedentos por sangue inimigo (e dinheiro, sempre), agora ganha um contorno verdadeiramente humanista.
O casal israelense Ronny Edry e Michal Tamir criaram um cartaz na escola Pushpin Mehina, que oferece cursos de iniciação a pessoas que querem estudar design gráfico. A imagem dos dois ganhou os dizeres 'Iranianos, nós nunca vamos bombardear seu país' e abaixo a frase 'nós amamos vocês', com um coração. Sua campanha pode ser resumida com uma mensagem que pode ser vista no blog da campanha:
Mensagem dos iranianos aos israelenses: nós nunca iremos bombardear seu paísAo povo iraniano, a todos os pais, mães, crianças, irmãos e irmãs, porque para haver uma guerra entre nós, primeiro nós precisamos ter medo uns dos outros, nós precisamos nos odiar. Eu não tenho medo de vocês, eu não odeio vocês. Eu nem conheço vocês. Nenhum iraniano jamais me fez mal”.
Tem coisa mais linda para se ler, vindo de uma região tão tensa e sofrida como aquela? Como fraternidade é algo mais forte do que as diferenças que políticos e suas empresas midiáticas desenham, em menos de 48 horas os iranianos começaram a responder no mesmo tom. Uma mensagem de paz entre os povos, ainda que seus representantes diplomáticos mostrem os dentes uns para os outros enquanto posicionam tropas para um iminente ataque.
É uma flor que brota em um deserto de gentilezas. Uma mensagem de dois povos cansados de esbofetearem um a cara do outro há décadas. Enquanto o povo aguarda uma solução pacífica, os governantes esfregam suas mãos, ávidos e ansiosos para saber a cor das tripas de seus inimigos. E não tenham dúvida que quem sofrerá e pagará por toda esta possível guerra serão os povos que ali residem há gerações. E o homem, involuído, segue seu caminho rumo à autodestruição pelas armas, como se já não houvesse tantos problemas para ameaçar nossa existência.

No vídeo abaixo, um pequeno resumo da ideia da campanha (em inglês, sem legendas).