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7 de mai. de 2012

Como funcionam as sociedades secretas (A maçonaria)


Introdução sobre as sociedades secretas

sociedades secretas
As sociedades secretas nasceram praticamente junto com a civilização. Há sete milênios, o misticismo e a tendência humana pela intriga fomentaram nas sociedades da Babilônia, do antigo Egito, da Pérsia e da Síria os primeiros grupos de homens interessados em conhecer os mistérios esotéricos e utilizá-los com propósitos políticos. Esse esoterismo podia significar a busca da luz ou da escuridão, do céu ou do inferno, da bondade ou da maldade, da descoberta de conhecimentos para se alcançar as verdades divinas ou para manipular forças espirituais no plano físico. Nessa dubiedade de propósitos reside uma das principais razões das sociedades secretas.
sociedades secretas
© istockphoto.com / Duncan Walker
Apesar da aura negativa que circunda muitas delas, as sociedades secretas não são apenas grupos de pessoas que se escondem para praticar o mal. Muito pelo contrário. Boa parte delas surgiu e cresceu com os propósitos mais elevados que residem na alma humana, em busca de um conhecimento que revelasse as verdades eternas e iluminasse os caminhos do homem. Mas princípios que nasceram puros e sagrados muitas vezes sofreram distorções ao serem colocados em prática e resultaram em ações não muito bem vistas, muitas delas inspiradas na ideia de que os fins justificam os meios.

A partir das histórias das diferentes sociedades secretas que já surgiram ao longo dos milênios, podemos definir basicamente que uma sociedade secreta é composta por “iniciados”, isto é, por aqueles que tiveram acesso a determinados “mistérios”. Esses “homens sábios” acreditam que os segredos revelados a eles, ou por eles descobertos, não devem ser compartilhados com um mundo composto de pessoas vulgares e profanas, incapazes de compreender esses “mistérios”.



Maçonaria
Foto cortesia de Jahrundert
Gravura com ritual de iniciação na maçonaria no século 18


Embora baseada em aspirações das mais elevadas, essa forma de encarar o mundo tem levado certas sociedades secretas a desenvolverem práticas de tirania, arrogância e intolerância, em diferentes graus, com perigosas consequências sociais. Este é o caso da Ku Klux Klan nos Estados Unidos, por exemplo. Por outro lado, algumas têm funcionado como núcleos de movimentos sociais que em alguns momentos envolveram-se em processos de transformação do mundo, como no caso da maçonaria. E, por fim, muitas continuam a alimentar a nossa imaginação sobre o seu poder e conhecimento, mesmo quando sua existência ainda é colocada em dúvida (o que pode, na verdade, ser uma prova de sua eficiência em manter-se secreta), como nos casos do Priorado de Sião e do Illuminati, ambas popularizadas nos best-sellers “O Código Da Vinci” e “Anjos e Demônios”, de Dan Brown.

sociedades secretas
© istockphoto.com / Duncan Walker
As sociedades secretas desde o princípio misturaram misticismo e intrigas

A principal fonte da tradição das sociedades secretas é a religião. Das crenças do antigo Egito ao cristianismo, os mistérios religiosos alimentaram o surgimento de diversas sociedades secretas, como a Cabala, ligada aos ensinamentos de Moisés, ou os Cavaleiros Templários, ordem militar-religiosa formada no século 12 sob benção da Igreja Católica e que inspiraria tempos depois uma nova sociedade secreta ligada à maçonaria. Nas próximas páginas, conheça quais são algumas das principais sociedades secretas, que ironicamente tornaram-se as mais populares do planeta.

Sociedades secretas tupiniquins

Em 1831, surgiu em São Paulo a Bucha, uma “confraria de camaradas” criada pelo professor alemão Júlio Frank, da Faculdade de Direito do Largo São Francisco. O principal objetivo dela era ajudar os estudantes pobres que frequentavam o curso de Direito e promover encontros e debates literários. Frank trouxe a tradição das sociedades secretas da Alemanha e todas as ações da Bucha deveriam ocorrer sob o mais rigoroso sigilo. Só ingressavam na Bucha alunos escolhidos pelos seus integrantes, de acordo com os méritos morais e intelectuais que demonstravam. Ao longo dos anos a Bucha tornou-se uma das mais poderosas sociedades secretas no país, à medida que seus membros alcançavam os principais postos governamentais, tanto no Império como na República. Entre eles, estavam Rui Barbosa, Barão do Rio Branco, Afonso Pena, Prudente de Morais, Campos Sales, Rodrigues Alves, Washington Luiz, Júlio Mesquita Filho, Cândido Mota, Arthur Bernardes, Álvares de Azevedo e Castro Alves. Além da Bucha, rumores sugeriam a existência de outras fraternidades em faculdades tradicionais que surgiram com a aura de sociedades secretas, como a Landsmannschaft, na Escola Politécnica da USP, e a Jugendschaft, na Escola Paulista de Medicina.

As mais populares sociedades secretas do mundo


Maçonaria


Loja maçônica
Foto cortesia da Raleigh Lodge 770-Memphiss

Vista interna de uma loja maçônica nos Estados Unidos

A maçonaria surgiu na Idade Média como uma associação de trabalhadores de construções, daí o seu nome que é derivado do termo inglês “mason”, que significa pedreiro. Ela tornou-se a maior irmandade ou “sociedade secreta” do mundo, com estimados cinco milhões de integrantes espalhados por todos os cantos do planeta, uma estrutura com 33 graus hierárquicos e a prática de cerca de 70 rituais. A inspiração para a maçonaria, segundo alguns pesquisadores, vem da construção do Templo do Rei Salomão em Jerusalém, no ano de 967 a.C. Os trabalhadores que participaram da construção, provavelmente uns dos primeiros pedreiros da história, tinham como mestre Hiram Abiff, que seria o guardião do segredo do templo. Abiff foi sequestrado e ao recusar-se a revelar o segredo acabou assassinado. Por morrer sem revelar os segredos de sua profissão Hiram Abiff virou um herói inspirador para os futuros maçons. Mas há outras versões para a origem da maçonaria que vão de cultos a Isis e Osíris, no antigo Egito, a seus vínculos com os Cavaleiros Templários. Independente da sua origem, a maçonaria moderna tem como ideal a defesa da liberdade, da igualdade e da fraternidade e suas reuniões têm como objetivo o debate intelectual. Apesar de ter rituais espirituais e ter tido entre seus membros líderes políticos como Benjamin Franklin e George Washington, nas reuniões da maçonaria não é permitida qualquer menção à política ou à religião.


Cavaleiros Templários



Templários
A Ordem dos Cavaleiros Templários surgiu em 1118, logo após a realização da Primeira Cruzada que derrotou os muçulmanos, conquistou Jerusalém e instalou no governo dessa cidade Godefroi de Bouillon. Ordem militar-religiosa, seu objetivo principal era proteger os peregrinos cristãos que iam para a Terra Santa. Sediados ao lado do Templo de Salomão, os Templários foram abençoados pelo Papa e fizeram votos de pobreza, obediência e castidade. Nas décadas seguintes, no entanto, eles espalharam-se pela Europa e conquistaram enorme poder econômico e influência política, o que os levou a serem vistos como uma ameaça ao poder da Igreja Católica. As lendas em torno dos Templários diziam, entre outras coisas, que eles eram os guardiões do Santo Graal. Devido ao seu crescente poder econômico e aos mitos que inspirava, a Ordem acabou acusada de blasfêmia e por falhar nas missões na Terra Santa, sendo destruída pelo rei Filipe 4, da França, com o apoio da Igreja Católica no começo do século 14. Os símbolos e ideias dos Templários serviram de inspiração para o surgimento séculos depois de uma ordem maçônica chamada de Ordem Militar, Religiosa e Maçônica Unida do Templo e de São João de Jerusalém, Palestina, Rodes e Malta, que se proclamou herdeira dos segredos esotéricos dos Cavaleiros Templários. Os Templários modernos foram também identificados com o gnosticismo e acusados de envolvimento em várias conspirações, entre elas a Revolução Francesa. A história dos Templários tem inspirado inúmeras teorias sobre o envolvimento deles com tramas políticas e religiosas.


Ordem Rosa-Cruz

A Rosa-Cruz é uma irmandade espalhada pelo mundo que apregoa possuir uma sabedoria esotérica herdada das primeiras civilizações, como a do antigo Egito. Mas é mais provável que seu surgimento tenha ocorrido no século 16 a partir de livros atribuídos ao teólogo luterano Johann Valentin Andreae, nos quais ele narra as viagens de Christian Rosenkreuz entre os séculos 14 e 15. A Rosa-Cruz é uma combinação de ocultismo e outras crenças e práticas religiosas, que envolvem hermetismo, doutrina surgida no Egito no começo da Era Cristã, misticismo judaico, gnosticismo cristão e alquimia. Apesar de atrair importantes intelectuais e cientistas, como Francis Bacon, a força da Rosa-Cruz caiu dramaticamente durante o Iluminismo. A partir do século 19, graças à associação com a maçonaria, as sociedades rosacruzes voltaram a ganhar força, principalmente na Europa e nos Estados Unidos. Em 1915 surgiu em Nova York a Antiga e Mística Ordem Rosae Crucis, fundada por H. Spencer Lewis, que declarava ter aprendido seus ensinamentos dos rosacruzes europeus e afirmando que era o antigo Egito o berço da sabedoria deles. Outra vertente maçônica dos rosacruzes surgiu em Seattle (EUA), em 1909, fundada por Max Heindel, inspirado nos ensinamentos do teosofista Rudolf Steiner. 

As mais misteriosas sociedades secretas do mundo


Illuminati


sociedades secretas
© istockphoto.com / xyno

Ela ganhou popularidade por conta do filme “Anjos e Demônios” (2009, direção Ron Howard), baseado no best-seller homônimo de Dan Brown. Para uma sociedade secreta isso não deve ser muito bom, mas os mistérios em torno do Illuminati sempre alimentaram a imaginação popular. Tudo começou em 1776 na Alemanha, quando o filósofo Adam Weinshaupt criou uma ordem chamada de Illuminati da Baviera. Seu objetivo era juntar um grupo que conspirasse para libertar o mundo da dominação que então os jesuítas exerciam sobre a Igreja Católica. Weinshaupt recrutou cinco estudantes da Universidade de Ingolstadt, onde lecionava, para formar a Sociedade dos Mais Perfeitos, depois renomeada para Illuminati, ou “os iluminados”. Há dúvidas, entre os estudiosos, se os ideais radicais defendidos pela ordem foram ou não apoiadas pela maçonaria. A sociedade se expandiu o que provocou uma violenta repressão do governo, obrigando Weinshaupt a deixar o país em 1784. Para alguns, isso significou o fim dos Illuminati, mas para muitos eles se espalharam pelo mundo e continuam a exercer sua influência, como na Revolução Francesa e na Revolução Russa. Para esses estudiosos, o poder dos Illuminati é tal que um de seus principais símbolos está estampado na nota de um dólar,  inserido por ordem do presidente Roosevelt, que foi um dos mais altos membros da maçonaria. Defensores de um governo global, os Illuminati acreditariam em um mundo com uma só moeda, um único exército e somente uma religião. Para muitos, sociedades secretas como a Ordem do Crânio e Ossos e o Clube Bilderberg seriam, na verdade, versões atualizadas dos Illuminati.    


Priorado de Sião



sociedades secretas
© istockphoto.com / Duncan Walker
Provavelmente, o Priorado de Sião é a mais eficiente das sociedades secretas existentes no planeta. Afinal há muitas dúvidas sobre sua real existência e muita pouca informação disponível. A única menção a ela aconteceu em 20 de julho de 1956, numa edição do jornal do governo francês em que o Priorado aparece como uma sociedade destinada a estudos e ajuda mútua entre seus membros. Há muitos rumores de que o Priorado de Sião teria uma forte conexão com a ordem dos Cavaleiros Templários e entre sua missão estaria proteger a linhagem sagrada de Jesus Cristo, fato esse explorado em livros de investigação histórica como “O Santo Graal e a Linhagem Sagrada”, de Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln, e nos de ficção como “O Código da Vinci”, de Dan Brown. Segundo a versão de Pierre Plantard, um dos quatro amigos franceses que solicitaram o registro oficial da sociedade nos anos 1950, o Priorado de Sião teria surgido no final do século 11 em Jerusalém e ao longo da história teria tido como membros Leonardo da Vinci, Isaac Newton e Victor Hugo, entre outros.



Ordem do Crânio e Ossos



sociedades secretas
© istockphoto.com / Lewis Wright

A Universidade de Yale é uma das mais tradicionais e mais importantes dos Estados Undios, e por isso mesmo uma das preferidas dos homens mais importantes do país. Lá formaram-se os presidentes George Bush, pai e filho, Gerald Ford e Bill Clinton. É em Yale que está uma das sociedades secretas mais exclusivas existentes no mundo. Formada apenas por homens vindos de famílias ricas, a Ordem do Crânio e Ossos é uma fraternidade estudantil que existe desde 1832. Originalmente nomeada de Irmandade da Morte, ela é uma das sociedades secretas mais antigas dos Estados Unidos. Em suas reuniões que acontecem às quintas e domingos, ela inspira-se em rituais maçônicos. Uma das teorias da conspiração inspiradas na ordem diz que a Agência Central de Inteligência (CIA) foi fundada por membros da Crânio e Ossos. O filme “O Bom Pastor” (2006, direção Robert de Niro) retrata esse envolvimento da ordem com esse fato.

Ordem Hermética da Aurora Dourada


Vertente de uma das ordens rosacruzes existentes na Grã-Bretanha, a Aurora Dourada é uma sociedade secreta que surgiu no fim do século 19. Sua missão era colocar em prática os rituais e ensinamentos da magia como se fosse a verdadeira herdeira dos mistérios da Ordem Rosa-Cruz. Um dos principais momentos da Aurora Dourada aconteceu durante a passagem por ela do “bruxo” britânico Aleister Crowley. A rápida ascensão de Crowley e suas conhecidas rebeldia, excentricidades e práticas de rituais sexuais provocaram episódios dramáticos que levaram à aparente dissolução do grupo. Crowley acabou iniciando uma nova sociedade secreta devotada ao ocultismo, denominada Ordem do Templo do Oriente. Entre os principais membros da Ordem Hermética da Aurora Dourada estavam o escritor William Butler Yeats, vencedor do Nobel de literatura de 1924, o astrônomo William Peck e o escritor Bran Stoker, autor de “Drácula”.  

Como funcionam as sociedades secretas  

Como funciona a maçonaria  

Introdução

maçonaria
George Washington (em inglês) foi maçom, assim como Benjamin Franklin, Paul Revere e Henry Ford. Todos esses homens ilustres e influentes foram membros da maçonaria - membros privilegiados da maior e mais antiga irmandade mundial.Ainda que conte com cinco milhões de membros em todo o mundo, a maçonaria é uma sociedade enigmática. Os maçons alegam que são apenas uma irmandade de pessoas com inclinações semelhantes que se reúnem regularmente para fins de esclarecimento espiritual e intelectual. Os proponentes de teorias de conspiração os vêem como um sigiloso movimento clandestino cujo objetivo é dominar o mundo.
Neste artigo, observaremos o mundo dos maçons. Descobriremos de onde eles se originam, separaremos a verdade das teorias de conspiração e descobriremos o que realmente acontece durante seus rituais.


Lendas de cavaleiros e reis

Se você perguntar a cinco pessoas diferentes sobre as origens da maçonaria, provavelmente ouvirá cinco versões diferentes. Alguns dirão que eles descendem dos antigos druidas. Outros os vinculam ao culto de Ísis e Osíris no Egito (em inglês) antigo. Ainda outros alegam que eles derivam de uma ordem de monges judaicos conhecidos como essênios, formada no século 2 a.C.

Washington maçon
Foto cortesia do College of Liberal Arts and Sciences, University of Florida (em inglês)

George Washington em trajes tradicionais da maçonaria


De acordo com alguns estudiosos da maçonaria, o movimento traça suas origens à construção do Templo do rei Salomão em Jerusalém, no ano de 967 a.C., evento descrito pela Bíblia no Livro dos Reis. De acordo com essa história, os construtores do templo foram os primeiros pedreiros, ancestrais dos atuais maçons (a palavra "mason" quer dizer também pedreiro, em inglês). A lenda concede papel central ao mestre dos construtores, um homem chamado Hiram Abiff, que alegava conhecer o segredo do templo. Um dia, três homens raptaram Abiff e ameaçaram matá-lo caso não revelasse o segredo. Quando se recusou a falar, Abiff foi assassinado. Depois de descobrir o homicídio, o rei Salomão ordenou que um grupo de pedreiros procurasse o corpo de Abiff e recuperasse o segredo do templo. Os homens não tiveram sucesso, e por isso o rei estabeleceu um novo segredo maçônico. Acredita-se que esse segredo seja a palavra Mahabone, que significa "a porta da Grande Loja se abriu", e hoje é usada como senha para chegar ao terceiro grau da maçonaria.
Na próxima página, estudaremos a relação entre os maçons e os cavaleiros templários. 

Os maçons e os cavaleiros templários


A Knight Templar.
Domínio Público
Um cavaleiro templário

Os maçons também foram conectados a uma misteriosa ordem conhecida como cavaleiros templários. Esses cavaleiros eram monges que, em 1118, tomaram armas com o objetivo de proteger peregrinos cristãos viajando de Jafa (uma cidade portuária em Israel (em inglês)) para Jerusalém. De acordo com a lenda, os cavaleiros templários descobriram o maior tesouro da história, enterrado sob as ruínas do templo do rei Salomão. Os cavaleiros se tornaram tão ricos que se tornaram alvo de inveja e suspeitas. Em 1307, o rei Felipe 4º da França ordenou a prisão de todos os templários, de modo que pudesse se apoderar de sua imensa riqueza. O que aconteceu aos templários depois de seu aprisionamento continua sendo um mistério, mas há quem diga que eles passaram a viver na clandestinidade e a realizar seu trabalho em segredo, ressurgindo na Europa do século 18 como os modernos maçons. Existe até uma teoria de que os templários, em seu desejo de vingança contra o rei Felipe 4°, influenciaram o início da Revolução Francesa.
Histórias como essas tendem a emprestar um tom dramático à história dos maçons, mas a explicação mais verossímil quanto à origem da irmandade pode ser encontrada na Idade Média. Na época, os reis e igrejas da Inglaterra, Escócia e França contratavam pedreiros para construir grandes castelos e catedrais. Na época, existiam dois tipos de pedreiros. Aqueles que trabalhavam com pedras comuns eram conhecidos como "pedreiros ordinários", e os que entalhavam formas mais complexas, em pedras menos duras, eram conhecidos como pedreiros livres, ou "free masons", duas palavras que se combinaram no termo "freemason", que designa a maçonaria em inglês. Os maçons desfrutavam de uma espécie de monopólio, em função de suas capacidades especializadas, e queriam preservar essa situação. Estabeleceram guildas comerciais para discutir sua profissão e o pagamento justo por seu trabalho, e fundaram lojas nas quais podiam comer (em inglês) e guardar suas ferramentas. E desenvolveram apertos de mão secretos, palavras-código e outros sinais para que pudessem se distinguir dos pedreiros ordinários.




Mulheres na maçonaria

Os maçons se definem como "irmandade", e os irmãos não permitem a adesão de mulheres. As mulheres passaram a ser excluídas do grupo no século 18, em parte porque os maçons temiam que o belo sexo os distraísse do trabalho a executar e revelasse seus segredos. Há alguns poucos exemplos conhecidos de admissão de mulheres, como o de Elizabeth Aldworth, que foi aceita em uma loja maçônica inglesa no começo do século 18, depois de ser apanhada bisbilhotando uma reunião. Hoje, há alguns grupos de mulheres conectadas aos maçons, como a Ordem da Estrela do Oriente. 

Maçonaria moderna

Por volta do século 18, os maçons haviam evoluído, de uma guilda para uma organização de homens com uma filosofia muito distinta. Favoreciam a tolerância religiosa de preferência às normas severas da Igreja Católica e apreciavam o diálogo intelectual com seus irmãos. A maçonaria estava muito em moda, e seu quadro de membros estava mudando. Embora inicialmente apenas maçons "operativos", ou trabalhadores, fossem admitidos à organização, aristocratas e artistas, definidos como maçons "especulativos", começavam a ser aceitos, e com isso a maçonaria de certa maneira se converteu em um clube para cavalheiros.
Os modernos maçons nasceram em 1717, quando quatro lojas maçônicas em Londres, Inglaterra (em inglês) , se combinaram para formar a primeira Grande Loja, dotada de autoridade sobre todas as demais lojas no país. Grandes Lojas logo surgiram na Irlanda (em inglês), Escócia (em inglês) e Itália (em inglês), e, por volta de 1730, estavam se espalhando por toda a Europa. Em 1723, um maçom escocês chamado Dr. James Anderson escreveu "Constitutions of the Freemasons" [constituições dos maçons], o primeiro conjunto oficial de normas e estatutos para o grupo. Alguns homens acreditavam que os rituais maçons detivessem os segredos do Universo, transmitidos diretamente à ordem por Deus.


Domínio Público
Loja maçônica em
Aylesbury, Inglaterra


Foto cortesia
Plymouth Lodge - A.F & A.M. (em inglês)
Velha Grande Loja Maçônica, Boston 1895

Embora os maçons se sentissem muito satisfeitos com a sociedade que haviam criado, nem todos compartilhavam de seu entusiasmo. Governos e a Igreja suspeitavam do sigilo da organização e de suas crenças religiosas liberais. Em 1737, o rei Luís 15 proibiu a maçonaria na França. Um ano mais tarde, o Papa Clemente 12 proibiu os católicos de aderir à maçonaria, sob pena de excomunhão, e o governo português fez da adesão à maçonaria um delito passível de pena de morte.
Na próxima seção, aprenderemos sobre a chegada dos maçons ao Novo Mundo e o desenvolvimento de lojas maçônicas nos Estados Unidos depois da revolução.



Maçons e Igreja

A despeito de sua crença em um Ser Supremo e de sua rigorosa moralidade, os maçons jamais foram vistos de maneira favorável pela Igreja Católica, provavelmente porque rejeitavam os ensinamentos do catolicismo. Diversos Papas condenaram a prática e excomungavam os católicos que aderissem ao movimento. Em 1884, o Papa Leão 12 se referiu à maçonaria como "o reino de Satã".  

A maçonaria nos Estados Unidos

Com toda a controvérsia que cercava a maçonaria na Europa, não é de se admirar que seus membros também tenham saído em busca de paradeiros mais amigáveis. No século 18, os maçons chegaram à América e estabeleceram lojas em Boston e Filadélfia (embora continuassem sob o controle do Grande Mestre provincial da Inglaterra). Em 1731, Benjamin Franklin aderiu à loja de Filadélfia, e se tornou seu mestre três anos mais tarde. George Washington foi iniciado como maçom em 1752.
Enquanto o país ainda começava a se preparar para escapar ao domínio britânico, consta que os maçons estavam entre os principais instigadores da revolta. Existe uma história de que havia maçons entre as dezenas de homens que, disfarçados de indígenas, abordaram três navios britânicos no porto de Boston, em 16 de dezembro de 1773, e lançaram centenas de caixotes de chá ao mar, o evento que deflagrou a revolução dos Estados Unidos. A presença de maçons na chamada "festa do chá em Boston" é discutível, mas não existem dúvidas de que havia integrantes do movimento entre os signatários da declaração da independência e da constituição dos Estados Unidos.


Revolta do Chá
Foto cortesia de The Digital Cultures Project: A University of California Multi-Campus Research Group

Ilustração que retrata a revolta do chá em Boston em 1846

Depois da revolução, as lojas maçônicas norte-americanas se separaram de sua origem britânica e foram reorganizadas sob o controle de Grandes Lojas estaduais. Embora essas lojas jamais tenham sido centralizadas sob qualquer autoridade formal, elas se reconheciam como fraternidades mútuas. Duas formas diferentes de maçonaria vieram a existir nos Estados Unidos, o rito escocês (que segue as tradições inglesas) e o rito de York (que segue as tradições francesas).



Os Shriners

Em 1870, surgiu uma nova organização entre os maçons, com o nome de "Antiga Ordem Árábica dos Notáveis do Templo Místico", mais conhecida como "shriners". Para se tornar um shriner, um homem precisa primeiro ascender ao terceiro grau (mestre maçom) na Loja Azul. Depois de se tornar mestre maçom, o candidato pode se tornar parte de qualquer grupo maçom que tenha como pré-requisito a Loja Azul da maçonaria. Os shriners são conhecidos:
  • pelo uso de um fez vermelho, em tributo à herança árabe da organização;
  • pela atitude descontraída - os membros muitas vezes são palhaços em circos e festas populares;
  • pela grande filantropia - os shriners operam hospitais em todo o país que tratam crianças gratuitamente.




Na virada do século 20, havia 860 mil maçons nos Estados Unidos. Por volta da década de 30, o número havia subido a dois milhões, e continuou a crescer. 

A questão da religião e da irmandade

Muita gente imagina que os maçons sejam uma organização religiosa. Embora eles aleguem que não são mais religiosos que um Rotary Club ou outra organização social, seus rituais têm um forte componente espiritual.


Livro da Lei Sagrada
Foto cortesia de York Rite
O Livro da Lei Sagrada em exposição

Pessoas de todas as religiões são bem-vindas na maçonaria, e a religião jamais é discutida abertamente durante as reuniões. No entanto, cada membro precisa professar a crença em um Ser Supremo universal, ao qual os maçons se referem como o "Grande Arquiteto do Universo". Como no caso da maioria das religiões, espera-se dos maçons que sejam pessoas de moral irretocável. Os membros prestam juramentos com base no Livro da Lei Sagrada, o qual, a depender da Loja, pode ser o Velho Testamento judaico, o Novo Testamento cristão ou até o Corão islâmico.


Admissão à irmandade
Dada a natureza clandestina da maçonaria, não surpreende que eles dediquem cuidadosa consideração à admissão de novos membros. Para aderir, um homem precisa encaminhar uma petição e obter o apoio de dois patrocinadores na loja. Sua admissão será decidida por voto secreto. Será perguntado aos interessados em adesão se eles acreditam em Deus, e é preciso responder "sim" para ser admitido. Ainda que não seja necessário ser rico, os membros precisam ter dinheiro (em inglês) suficiente para pagar as taxas da organização e para fazer doações regulares de caridade, um dever para todos os maçons.
Os novos maçons começam como aprendizes. Durante a cerimônia de iniciação, os maçons relatam a construção do templo de rei Salomão e o assassinato de Hiram Abiff. O novo membro é vendado e abordado por três homens que lhe ordenam revelar segredos da maçonaria. Ele jura que não contará, e depois finge morrer e ressuscitar como maçom.
Os maçons devem, em seguida, ascender por mais dois graus, maçom autônomo e mestre maçom, depois que se tornaram capacitados nas lições referentes aos seus graus anteriores. À medida que o membro galga a escala dos graus, ele aprende mais e mais segredos da maçonaria.
Quando ele ganha o direito ao grau de mestre maçom, o membro pode atingir a Suprema Ordem do Sagrado Arco Real, momento no qual o nome do Grande Arquiteto do Universo enfim lhe será revelado. Consta que o nome é Jahbulon - Jah para Jahweh, o Deus dos hebreus; Bul para Baal, o antigo deus de fertilidade de Canaã que era considerado maligno por competir com Jahweh pela fé dos hebreus; e On para Osíris, o antigo deus egípcio do submundo.

Iniciação na maçonaria
Foto cortesia de Jahrundert
Cerimônia de iniciação na maçonaria no século 18

Os maçons de cada nível juram jamais revelar os segredos da ordem. A punição por desrespeitar o juramento se torna progressivamente mais severa à medida que os graus são galgados. No caso de um aprendiz, ele tem a língua arrancada; um maçom livre tem o coração arrancado; as entranhas de um mestre maçom são queimadas; e um arco real tem o topo da cabeça decepado (muitos maçons contestam essas informações, no entanto, afirmando que seus ritos não são nada de tão sinistro).

Embora a maioria dos maçons jamais passe do terceiro grau, quase todas as fontes concordam em que existem 33 graus no total. O rito York inclui apenas os 13 primeiros deles, e estes diferem da nomenclatura adotada pelo rito escocês. Também pode haver diferenças de jurisdição a jurisdição:

Os 33 Graus da Maçonaria
1. Aprendiz 12. Grande Mestre Arquiteto 23. Chefe do Tabernáculo
2. Irmão 13. Arco Real de Enoch 24. Príncipe do Tabernáculo
3. Mestre Maçom 14. Rei Escocês da Perfeição 25. Rei da Serpente Audaz
4. Mestre Secreto 15. Cavaleiro da Espada, ou do Oriente 26.Príncipe de Misericórdia
5. Mestre Perfeito 16. Príncipe de Jerusalém 27. Comandante do Templo
6. Secretário Íntimo 17. Cavaleiro do Oriente e Ocidente 28. Cavaleiro do Sol
7. Prepósito e Juiz 18. Cavaleiro do Pelicano e Águia e Príncipe Soberano Rose Croix de Heredom 29. Cavaleiro de Sto. André
8. Intendente do Edifício 19. Grande Pontífice 30. Grande Cavaleiro Eleito Kadosh, Cavaleiro da Águia Negra e Branca
9. Eleito dos Nove 20. Venerável Grande Mestre 31. Grande Inspetor Inquisidor Comandante
10. Eleito dos Quinze 21. Patriarca Noaquita 32. Sublime Príncipe do Segredo Real
11. Eleito Sublime 22. Príncipe do Líbano 33. Grande Inspetor Geral


Tradições maçônicas

As fundações da maçonaria são os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. Os membros devem acreditar em Deus, respeitar a moral, praticar filantropia e cumprir as leis dos países em que vivem. Ainda que o propósito de suas reuniões seja o debate intelectual, qualquer menção a política ou religião é proibida.
A maçonaria é composta por grupos chamados Lojas, que juram aliança a uma Grande Loja ou Grande Oriente (nos EUA, há usualmente uma por Estado). Cada Loja precisa ser licenciada oficialmente pela Grande Loja, e recebe um nome, número e título. Cada loja mantém um regimento próprio. Os membros de cada Loja têm senhas, apertos de mão e sinais secretos que permitem que se reconheçam.

Loja maçônica
Foto cortesia da Raleigh Lodge 770-Memphis

Vista interna de uma loja maçônica

Os dirigentes de uma loja incluem um mestre, um guardião sênior (que ajuda o mestre e assume suas responsabilidades quando o mestre não está presente), um guardião júnior (que garante que os maçons em visita disponham das credenciais corretas), um tesoureiro (que recebe as taxas dos membros e paga as contas da loja), um secretário (encarregado das atas de reuniões e outras tarefas administrativas), um diácono sênior (que orienta os visitantes e os novos membros da loja) e um diácono júnior (que serve como mensageiro da casa). A depender da loja pode haver também um Guarda Interno (responsável pela guarda da porta), um capelão (que conduz as orações), um diretor de cerimônias (que garante que os rituais estejam sendo seguidos devidamente), e um organista. O mestre, eleito por voto secreto, deve garantir que os membros da loja cumpram as normas.

Os ícones da maçonaria são altamente simbólicos. O principal símbolo é um esquadro e um compasso em torno de uma letra "G". O G representa Deus (God), ou, alternativamente a geometria sagrada dos maçons operacionais originais; o esquadro encoraja os membros a agirem de forma reta com todas as pessoas; e o compasso responde pela criação de limites na vida. Os maçons usam um avental característico, decorado com os emblemas da organização.



Os maçons e os Illuminati

Os maçons foram confundidos com muitas seitas misteriosas ao longo dos anos, de bruxos a rosa-cruzes (um grupo espiritual surgido no século 17). Mas talvez a mais forte associação exista com uma sociedade secreta conhecida como Illuminati. Fundada pelo professor alemão Adam Weishaupt no século 18, a sociedade dos Illuminati acreditava que religiões e governos eram corruptos. O objetivo do grupo era abolir ambas as instituições e criar uma Nova Ordem Mundial. Para cumprir essa missão, Weishaupt se uniu aos maçons, na Baviera. Ainda que os dois grupos compartilhassem de visões religiosas liberais, os maçons não apoiaram o complô radical de Weishaupt. Por fim, o governo bávaro forçou a dissolução dos Illuminati, mas os membros supostamente continuaram ativos como parte de outras organizações, e há quem acredite que eles continuam a tentar realizar sua missão no seio da maçonaria, hoje.

A oposição aos maçons

Dado o sigilo que caracteriza a maçonaria, não surpreende que numerosas teorias da conspiração tenham sido desenvolvidas sobre o grupo ao longo dos anos. Os proponentes dessas teorias acusaram os maçons de toda espécie de crime, de satanismo a envolvimento no assassinato do presidente John Kennedy. Alguns alegam que as fileiras mais baixas da organização servem apenas de fachada aos maçons de grau mais elevado, que segundo essas teorias estariam envolvidos em conspirações para dominar os governos e instituições financeiras mundiais.
Ao longo de sua história a maçonaria vem sendo alvo de suspeitas. Acreditava-se que ela tivesse provocado a Revolução Francesa e a dos Estados Unidos (em associação com os Illuminati), e seus membros foram acusados de diversos assassinatos.


William Morgan
Foto cortesia de Grand Lodge of British Columbia and Yukon (em inglês)
Willie Morgan, autor de "Freemasonry Exposed"

A oposição aos maçons atingiu seu pico nos Estados Unidos em 1826, quando um antigo maçom chamado William Morgan escreveu um livro chamado "Freemasonry Exposed" [a maçonaria exposta]. O livro supostamente revelava diversos segredos sobre o grupo. Em resposta, três maçons raptaram Morgan e o levaram até a fronteira do Canadá. O que aconteceu em seguida é alvo de discussões. Uma versão diz que os raptores afogaram Morgan no rio Niagara. Outra diz que ele escapou, atravessou a fronteira e viveu o resto da vida no Canadá. A despeito da falta de indícios claros sobre o caso, o incidente causou ainda mais ira contra os maçons, a quem muitos norte-americanos viam como assassinos. Um movimento de oposição à maçonaria surgiu no país, equipado de jornais e até de um partido político. A maçonaria perdeu muitos membros como resultado. O número de lojas em Nova York caiu de 480 em 1825 a 75 apenas 10 anos mais tarde. Foi só quando o país começou a se preocupar com a guerra civil que os maçons voltaram a ganhar popularidade.
Na verdade, não existe base factual para qualquer uma das teorias de conspiração sobre os maçons - da sugestão de que eles traçaram os contornos das ruas de Washington, D.C. em forma de pentagrama (um signo de ocultismo) à idéia de que estiveram envolvidos de alguma maneira nos homicídios praticados por Jack, o Estripador, na Londres do século 19. Mas enquanto os maçons continuarem a se ocultar por trás de um véu de segredo, as questões - e acusações - sobre eles provavelmente continuarão.
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Maçons famosos
Alguns dos mais poderosos e influentes homens da história foram maçons. Eis alguns deles:
  • George Washington, Theodore Roosevelt, Harry S. Truman, Ronald Reagan (que recebeu o título de "maçom honorário pelo rito escocês") - presidentes dos EUA;
  • Benjamin Franklin - inventor e um dos fundadores dos EUA;
  • Paul Revere - patriota norte-americano
  • Winston Churchill - primeiro-ministro britânico;
  • John Jacob Astor - financista;
  • Henry Ford, Walter P. Chrysler, Ransom E. Olds - fabricantes de automóveis;
  • James C. Penney - fundador das lojas de departamento JC Penney;
  • David Sarnoff - executivo de rádio e TV;
  • Louis B. Meyer, Darryl F. Zanuck - presidentes de estúdios de cinema;
  • W.C. Fields, Douglas Fairbanks, Sr. Clark Gable, Oliver Hardy, John Wayne - atores;
  • Wolfgang Amadeus Mozart, John Philip Sousa, Irving Berlin, George M. Cohen - compositores;
  • Harry Houdini - mágico;
  • Charles Lindbergh - aviador;
  • John Glenn - astronauta.