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13 de mai. de 2012

Apollo 18 - Crítica de filme


Seguindo a linha dos pseudodocumentários no estilo Bruxa de Blair e Atividade Paranormal, Apollo 18 nos apresenta mais uma trama conspiratória envolvendo a NASA e o governo dos EUA para ocultar a existência de vida extraterrestre. Onde pessoas inocentes e ignorantes sempre acabam envolvidas e se dando mal de algum jeito, sofrendo igual pobres diabos para escaparem. Como o enredo em si já é batido e a história real das missões Apollo já está muito bem contada (a despeito do que os toscos conspiracionistas de plantão pensam), cabe aos elementos dramáticos e aos atores criar um filme interessante e que não faça o público dormir na cadeira. Este filme, dirigido por Gonzalo López-Gallego e escrito por Brian Miller e Cory Goodman sofre para conseguir fazer isso, e as críticas sobre ele não tem sido boas. Mas como eu gosto de terror, suspense e ficção científica, não necessariamente nesta ordem, mandei os críticos pastarem e fui conferir pessoalmente Apollo 18.


Segundo a história geralmente contada, o programa Apollo foi encerrado em 1972,  por falta de orçamento e interesse público, com a missão de número 17, que colocou os últimos astronautas na Lua. No entanto, 2 anos depois, uma missão ultra-secreta e encabeçada pelo Departamento de Defesa dos EUA, enviou mais 3 astronautas à Lua para instalarem no satélite equipamentos de espionagem que seriam usados para monitorar os soviéticos (estavamos na Guerra Fria naquela época), sendo esta missão a Apollo 18, a última que ocorreu. Isto era tudo o que os astronautas precisavam saber, pois a Defesa tinha outros planos para esta viagem, e sabia da existência de algo na Lua, um segredo terrível que poderia mudar o destino da humanidade e que representava um sério perigo para os astronautas da missão. Eles não estavam sozinhos lá.


Visando passar uma idéia de realismo, o filme foi montado inteiramente com supostos materiais de vídeo daquela época encontrados: filmagens do controle da missão em Houston e dos próprios astronautas no espaço. As cenas em gravidade zero e das caminhadas na Lua com a qualidade de imagem própria de vídeos com tecnologia de ponta dos anos 70 são convincentes. No entanto, o filme não explica muito bem como os tais vídeos foram recuperados, considerando que a Apollo 18 nunca voltou para a Terra, só um dos astronautas menciona algo sobre estar gravando tudo em uma "caixa preta" dentro da nave. Encontrar esta caixa preta à deriva no espaço sideral não deve ter sido uma tarefa muito fácil, de qualquer forma.


O clima de tensão permanente durante a estadia na Lua, quando coisas estranhas e sinistras começam a acontecer, é a melhor parte do filme, mas é um pouco prejudicado pelo ritmo de reality show, que é proposital, suponho. Ver os astronautas altamente treinados e competentes chegando ao seus limites físicos e psicológicos, depois à loucura e ao desespero. Aos poucos, um deles descobre a verdade completa sobre os planos do Departamento de Defesa, que envolvem até mesmo os maiores rivais ideológicos dos EUA, a União Soviética, que também tinha planos para a Lua. Tudo isso cria um conjunto perturbador e que nos prende à trama. A atuação dos atores é aceitável, apesar deles se parecerem mais com gente do século XXI do que com astronautas da década de 70. Tirando isso, a caracterização fica bastante próxima da realidade. O uso de computação gráfica em algumas partes dá o tom hollywoodiano de ficção científica, mas sem exagerar, pois trata-se de um pseudodocumentário, não um show de efeitos especiais.


Enfim, Apollo 18 não é uma obra-prima do cinema, mas considerando o seu baixo orçamento de apenas R$ 5 milhões, faz o que se propõe a fazer: Diverte, assusta e causa uma certa polêmica. Apesar de estar na nossa vizinhança, a Lua é pouco conhecida e faz quase 40 anos que ninguém pisa lá. Nossos medos primitivos, provavelmente um mecanismo de sobrevivência, nos faz criar fantasmas, monstros e demônios em lugares abandonados e misteriosos, e o filme lida com isso de uma forma direta. Sempre foi assim quando a civilização humana expandiu as fronteiras do seu conhecimento, e teve de se confrontar com o pavor que o desconhecido gera. E sempre será.


Confira o trailler de Apollo 18