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10 de fev. de 2012

Deu zebra? Confira a origem de expressões com animais.



  

Deu zebra é uma expressão bastante comum, conheça o significado. Foto: AFPDeu zebra é uma expressão bastante comum, conheça o significado.

Você tem espírito de porco ou estômago de avestruz? Ou já pagou o pato? Alguém já disse que você tem um gênio de cão? Pois essas são apenas algumas das expressões populares ligadas ao reino animal que fazem parte do nosso dia a dia. No entanto, a origem de algumas é desconhecida pela maioria das pessoas.



Lágrimas de crocodilo
 
A expressão "lágrimas de crocodilo" faz referência ao choro fingido, falso ou hipócrita. No entanto, por que se diz isso? Será que os crocodilos choram mesmo?
De acordo com o professor Ari Riboldi, em seu livro O Bode Expiatório, a origem da expressão é biológica e não tem relação com fingimento. Quando o crocodilo está comendo, a passagem da presa pode pressionar com força o céu da boca do réptil, o que comprime suas glândulas lacrimais. Assim, enquanto ele devora a vítima, caem lágrimas de seus olhos.
São lágrimas naturais, mas obviamente não significam que o animal se emocione ou sinta pena da refeição. Daí surgiu a expressão "lágrimas de crocodilo", querendo dizer que, embora a pessoa chore, as lágrimas não significam que ela esteja sofrendo e, muitas vezes, é mesmo apenas fingimento.

Pagar o pato

Quem paga o pato arca com as consequências das ações e atitudes de outras pessoas. Mas de onde vem essa expressão? O professor Ari Riboldi aponta pelo menos duas origens: uma história da literatura italiana e uma antiga brincadeira.                               
Segundo Riboldi, a expressão pode ter se originado em uma história do século XV. Um camponês passou em frente à casa de uma mulher casada com um pato na mão. A mulher ficou interessada em ter o pato e propôs ao camponês pagá-lo com favores sexuais. Mas enquanto o homem queria prolongar o ato, a mulher achava que já tinham feito o suficiente para o que julgava valer o animal. Os dois começaram a discutir e, em meio ao debate, chegou o marido. A mulher explicou que a desavença era em função do dinheiro que faltava para chegar ao valor desejado pelo camponês. O marido, então, pagou... o pato.
A outra versão diz que, em uma brincadeira antiga, um pato era amarrado a um poste e os participantes deveriam correr até ele e cortar as amarras que prendiam o animal de um só golpe. Quem não conseguisse deveria pagar o pato.

 Bode Expiatório

Você não fez nada de errado, mas levou a culpa, ou seja, foi o bode expiatório da história. A expressão, explica Ari Riboldi, teve origem em um ritual judaico anual chamado Dia da Expiação (Iom Kippur, em hebraico), que pode ser lido no capítulo 16 do Levítico, livro do Antigo Testamento da Bíblia.
Conta-se que sacerdotes levavam dois bodes ao templo de Jerusalém para que um deles fosse escolhido, em sorteio, para ser sacrificado e queimado com um touro. O sangue de ambos era colocado nas paredes do templo. O outro animal, livre do sacrifício, tornava-se o bode expiatório, que virava um símbolo de purificação e expiação dos pecados e culpas. O sacerdote, então, colocava as mãos sobre a cabeça do animal para confessar todos os pecados de Israel. Em seguida, o povo também depositava os seus erros no animal. Dessa forma, acreditavam que acalmava o demônio e o povo ficava livre dos males cometidos.

Estômago de avestruz

Diz-se que tem "estômago de avestruz" aquele que come de tudo, de salada a carne de cobra, em quantidades às vezes absurdas e nunca passa mal. Mas o que o avestruz tem a ver com isso?
O animal, a maior das aves, leva a fama por "possuir um poderoso suco gástrico capaz até de dissolver metais", conta o professor Ari Riboldi. E assim, o avestruz passa bicando o chão à procura de algo para se alimentar, e come de tudo.
Aliás, cuidado com óculos, brincos e anéis se topar com um avestruz. "A ave parece atraída por objetos brilhantes e os engole com facilidade", alerta o professor.


Fazer de gato-sapato

Fazer alguém de gato-sapato é humilhar, desprezar, maltratar essa pessoa. De acordo com Ari Riboldi, no livro O Bode Expiatório, a origem seria a situação mais humilhante que poderia ocorrer com um gato, ou seja, ser subjugado sob as patas de um cão, seu costumeiro rival.
O gato 'sob a pata' ficaria, depois, sopata, como aconteceu com o 'sob o papo' que virou sopapo e "sob o pé", que se transformou em sopé. Mas a expressão não vingou e o que se popularizou foi "gato-sapato".

Deu zebra

Imagine você ganhar na loteria e perder o bilhete. É, pode considerar que "deu zebra".
A origem da expressão, utilizada nas situações em que o resultado foi algo "impossível" de acontecer, surgiu no popular jogo do bicho, como informa o professor Ari Riboldi. Segundo ele, a zebra não está entre os 25 animais que emprestam o nome a essa loteria ilegal, por isso, interpreta-se o fato como uma "tragédia" inesperada.
Ao longo do tempo, a expressão passou a ganhar popularidade no futebol, até se espalhar para as demais modalidades esportivas. Um exemplo disso é quando uma equipe, considerada favorita pela sua maior qualidade, é derrotada por outra que não tinha qualquer chance de vitória.

Boi de piranha

De acordo com o professor Ari Riboldi, "boi de piranha é aquele que se submete ou é submetido a um sacrifício para livrar outra pessoa de uma dificuldade ou da culpa".
Riboldi conta que a expressão surgiu da necessidade de atravessar o gado em um rio com piranhas. O boiadeiro deveria escolher um animal velho ou doente e colocá-lo na água em local acima ou abaixo do ponto de travessia.  Enquanto as piranhas devoram o boi escolhido, os demais passam pelo rio sem dificuldade.

Fazer Uma Vaquinha

Fazer uma vaquinha é juntar dinheiro para alguma coisa, seja ajudar alguém, dividir algo etc. Segundo Ari Riboldi, a expressão surgiu de uma prática de premiação de clubes de futebol sob o nome de bicho.
Em 1923, a torcida do Vasco da Gama, do Rio de Janeiro, resolveu estimular os atletas do time em determinado jogo. Assim, passaram a arrecadar dinheiro para premiar os jogadores em valores proporcionais aos resultados alcançados em campo.
O valor tinha inspiração nos números do jogo do bicho: o cinco, do cachorro, equivalia a 5 mil réis, o prêmio pago por um simples empate; o 10, do coelho, correspondia a 10 mil réis, prêmio por uma vitória comum (1 a 0, por exemplo); já o número da vaca (25) era o que estipulava o melhor prêmio - 25 mil réis - por grandes vitórias, contra adversários mais fortes ou em partidas decisivas.
O dinheiro era arrecadado entre os torcedores e acabou virando a famosa "vaquinha".

Paga Mico

A expressão geralmente surge em situações embaraçosas. Diz-se que "pagou mico" aquele que passou vergonha, deu um vexame.
Conforme descreve Riboldi, no baralho do jogo infantil 'Mico Preto', cada carta corresponde à figura de um animal, com macho e fêmea, constituindo, assim, o par. Somente o mico não tem par. Formados todos os pares, o jogo termina e o perdedor é o que fica com a carta do mico na mão.

Lavar a égua

A expressão "lavar a égua" é usada quando alguém tem uma grande satisfação, como conquistar a vitória em um jogo ou em outra atividade em que tenha lucros. A origem estaria no turfe, o esporte dos reis e da nobreza.
Quando uma égua ganhava uma corrida, dando lucro a seu dono, este a retribuía com um banho de champanhe. Mas de acordo com o professor Ari Riboldi, no livro O Bode Expiatório, o privilégio era apenas das fêmeas. Se o vencedor fosse um macho, o destino era voltar para a cocheira.

Ovelha Negra

Receber esse apelido não é nada agradável. A ovelha negra é aquela cuja conduta inadequada destoa da família ou de um grupo social. Normalmente, o dono dessa alcunha tem um comportamento desagregador, desajustado ou violento.
Ari Riboldi diz que a expressão tem origem no fato de que "nas religiões pagãs antigas, todo o animal preto era visto como força das trevas".  Muitas vezes, inclusive, os animais dessa cor eram sacrificados em homenagem aos deuses. Além disso, os pastores preferiam as ovelhas brancas porque sua lã podia ser tingida, ao contrário das de cor preta. Portanto, os animais da cor negra tinham menor valor no mercado.
Foi com o passar dos anos que a expressão ganhou o uso que tem hoje e passou a classificar qualquer pessoa que se destaca de forma negativa em um grupo. É o diferente, aquele que não se enquadra no rebanho.

Matar cachorro a grito

A expressão que define um indivíduo em situação de extrema dificuldade, num beco sem saída, ou até mesmo com carência sexual ou sem dinheiro para nada, tem em sua origem no fato de os cães possuírem dois sentidos extremamente destacados: olfato e audição.
Segundo o professor Ari Riboldi, com 30 vezes mais tecidos sensoriais do que o ser humano, os cachorros ouvem sons quatro vezes mais distantes, além de escutarem coisas inaudíveis ao homem. Por este motivo, podem ficar abalados, sensíveis e nervosos com fortes decibéis. Alarmes, trovões, rojões e outros ruídos altos são extremamente desagradáveis.
A partir disso, é possível provocar a morte de um cão com gritos ou sons estridentes.  No caso de um ataque canino, em situação desesperadora, poderia o homem salvar-se caso consiga gritar tão alto a ponto de ferir os ouvidos do animal, fazendo-o desistir da investida. Tarefa dura e altamente perigosa.

Boca-de-siri

É corriqueiro alguém pedir para uma pessoa fazer "boca-de-siri" depois de contar uma fofoca, ou em casos mais extremos, utilizar a expressão para ameaçá-la contra prováveis consequências de sua indiscrição. Mas o que o siri tem a ver com isso?
A expressão deve-se à anatomia do pequeno crustáceo: tem uma boca tão minúscula que dificilmente pode ser identificada a olho nu. Ao prender uma presa com a boca, que possui garras, o siri não solta nem mesmo depois de morto. Como fechar a boca significa ficar calado, a expressão passou a ter o mesmo resultado.
No entanto, fazer boca-de-siri não é a única forma de indicar sigilo em algum assunto. Outros termos como "em boca fechada não entra mosquito/mosca", "minha boca é um túmulo", "boca calada é remédio" também possuem o mesmo significado.

Elefante Branco

Você completa mais um aniversário, recebe amigos e familiares para comemorar e não tem como escapar dos presentes sem utilidade - que algumas vezes são coisas volumosas, estranhas e que não podem ser dispensadas. Quando esta situação acontece, aquele amigo mais "consciente" diz que você ganhou um "elefante branco".
De acordo com o professor Ari Riboldi, a expressão teve origem em um costume do antigo Reino de Sião, atual Tailândia. Lá, o elefante branco era raríssimo e considerado animal sagrado. Quando um exemplar era encontrado, deveria ser imediatamente dado ao rei. E, se um dos cortesãos, por alguma razão, caísse na desgraça do rei, este o presenteava com um desses raros animais.
O súdito não podia recusar o presente ou passá-lo adiante, afinal, era um animal sagrado e um presente real. A obrigação era cuidar, alimentar e manter o pelo do animal sempre impecável - o que representava grande custo e trabalho constante, sem nenhum retorno ou utilidade prática.

 Agora a porca torce o rabo

A expressão é usada para designar uma situação de extrema dificuldade, geralmente um momento de tomar uma decisão importante. De acordo com o professor Ari Riboldi, a frase provavelmente vem de um antigo modo de apartar porcos no chiqueiro.
A maneira mais prática de dominar o animal era pegá-lo pela cauda. Ele reagia, torcendo o traseiro de um lado para o outro. Se o homem resistisse e não largasse a cauda, após várias voltas, o porco acabava indo para o lugar desejado.
Por sua vez, a porca que usamos para enroscar parafusos deve seu nome à semelhança com a anatomia do órgão genital do porco - em forma de parafuso - e da vagina da fêmea que, internamente, tem forma rosqueada.
Amigo Urso

Sabe aquele amigão que está sempre ao seu lado, disponível e prestativo? Um dia você descobre que ele não é tão amigo assim, que se tornou um amigo falso, infiel e hipócrita. Após a traição, você pode chamá-lo de "amigo urso".
Ari Riboldi explica que a expressão vem de uma fábula da "La Fontaine".  Segundo a história, um urso e um homem tornaram-se muito amigos. Certo dia, o homem estava dormindo e uma mosca pousou em seu nariz. Para proteger o amigo, o urso atirou uma pedra e, sem medir a força, acertou a testa do homem, que morreu.

Bêbado como um gambá

Você vai a uma festa, bebe demais, passa muito da conta e, no dia seguinte, não se lembra de nada. Seus amigos, então, dizem que você estava "bêbado como um gambá". De alguma forma, o nome deste marsupial comum em áreas urbanas e rurais acaba sempre, ou quase sempre, relacionado a bebedeiras.
Segundo explica Riboldi, a expressão deve-se ao fato de o gambá ser facilmente atraído pela cachaça. A bebida, inclusive, é utilizada para capturar o animal: põe-se um pouco de bebida num pote, o bicho vem guiado pelo cheiro, bebe e, em seguida, cai embriagado.

Dar com os burros n'água

A expressão "dar com os burros n'água" é geralmente usada para dizer que alguém se deu mal, falhou em algum plano. Nesse momento, o burro nem está por perto, mas sempre leva a fama.
Segundo o livro O Bode Expiatório, a expressão teria origem em uma história popular que relata uma competição entre dois tropeiros. Sem conhecer o caminho, os homens deveriam carregar, no próprio burro e um fardo até o local combinado. A um animal competia levar um fardo de sal e, a outro, um de algodão.
No percurso, eles depararam com um rio e, na tentativa de atravessá-lo, o sal de um dissolveu-se, enquanto o fardo de algodão do outro ficou encharcado e pesado. E tudo acabou no rio. O desafio acabou e ninguém chegou ao ponto determinado. Apenas "deram com os burros n'água".

Espírito de porco

Você é o rei da piada sem graça, um mala sem alça, grosseiro ou estraga-prazer? É aquele que interfere, geralmente, no sentido de criar embaraços ou de agravar situações que já são difíceis? Pois você tem o espírito de porco. "A origem vem da má fama do porco, embora injusta, sempre associado à falta de higiene, à sujeira e, inclusive, à impureza, ao pecado e ao demônio, conforme alusões feitas no texto bíblico do Antigo e do Novo Testamento", explica o professor Ari Riboldi, autor do livro O Bode Expiatório.
No período da escravidão, a fama do porco foi reforçada. Os escravos não queriam a tarefa de matar os porcos nas fazendas. A morte era dolorosa: uma facada profunda em direção ao coração, sangue jorrando e gritos do animal que sangra até morrer. "Havia a crença de que o espírito do porco ficava em quem o matava e o atormentava pelo resto dos dias. O matador dos porcos ficava para sempre possuído pelo espírito deles", conta Riboldi.

Voltar a vaca Fria

A expressão é usada para retornar ao assunto principal em uma conversa, discurso ou discussão que foi interrompida por divagações em temas periféricos. De acordo com o professor Riboldi, a origem está em uma frase muito usada na França "revenouns à nous moutons", ou seja, voltemos aos nossos carneiros, que fazia parte da peça teatral "A farsa do advogado Pathelin", sobre o roubo desses animais.
A peça, considerada a primeira comédia da literatura francesa, data do fim da Idade Média, precisamente do ano de 1460, e não se tem conhecimento do autor. Em determinada cena, o advogado do ladrão faz longas divagações fora da questão principal e o juiz chama a atenção com a frase 'voltemos aos nossos carneiros', fazendo-o retomar o assunto.
Mas voltemos à vaca fria. Na tradução para o português, a expressão acabou transformando os carneiros em vaca. Essa distorção, segundo Riboldi, possivelmente se deve ao fato de que era costume em Portugal servir um prato frio feito com carne de gado antes das refeições, ao qual muitos comensais recusavam.

Cavalo dado não se olha os dentes

Você já ganhou um presente e não gostou? Pois saiba que "cavalo dado não se olha os dentes". Não é de bom tom desdenhar ou colocar defeitos em algo que recebemos de presente. Assim, a boa educação manda agradecer e mostrar satisfação, mesmo que o objeto seja insignificante ou inadequado.
Segundo Ari Riboldi, o ditado tem origem nos negócios de venda de cavalos. O dono sempre tenta fazer o animal passar por mais novo, o que representa um preço maior. Ocorre que os dentes do cavalo não nascem ao mesmo tempo. Só no quarto ou quinto ano de vida ele completa a arcada dentária. Para quem conhece equinos, não há como esconder a verdade. No entanto, se o cavalo for dado de graça, é melhor não olhar para os dentes, o que seria deselegante da parte de quem recebeu, e com certeza, constrangedor para quem doou - principalmente se o fez para se livrar de um animal velho e de pouca serventia.
"Pensando bem, um presente, por mais desagradável que seja, mesmo assim poderá vir a ter utilidade. Principalmente na hora de ir a um aniversário, quando se esquece de comprar uma lembrancinha. Pode-se passar adiante o presente e fazer uma economia. Com o cuidado, é claro, de que o aniversariante não seja a pessoa que nos brindou com a referida inutilidade", brinca o professor Riboldi.

Gato pingando

A expressão é geralmente usada para designar pequena quantidade de pessoas. Seguidamente, inclusive, usa-se para dizer que um pequeno público compareceu a um estádio para assistir a determinado jogo.
Contudo, a expressão, segundo o professor Ari Riboldi, estaria vinculada a uma prática de tortura, no Japão, em que se derramava óleo fervente em criminosos ou animais, sendo os gatos as maiores vítimas. Poucas pessoas ficavam assistindo a essa macabra ação, restando apenas os gatos pingados com óleo no local.
A expressão é tão comum que, no Rio de Janeiro, transformou-se em nome de personagem de charge.  O cartunista Henfil, falecido em 1988, criou o Gato Pingado, simbolizando a torcida do América, sempre muito reduzida nos estádios.

Gênio do Cão

Indivíduo de difícil relacionamento, que se irrita com extrema facilidade, impaciente. Certamente você conhece alguém com essas características. Então, pode dizer que ela tem "gênio do cão".
Para os antigos, de acordo com o professor Ari Riboldi, gênio era o espírito benéfico ou maléfico que regia o destino de uma pessoa, além de inspirar as artes, paixões e os vícios. O adjetivo genial carrega o sentido benéfico, pois é sinônimo de magistral, formidável, dotado de grande capacidade intelectual.  Genioso, por sua vez, representa o lado negativo, já que equivale a colérico, exaltando ou gênio mau. E cão também pode designar pessoa muito má. No nordeste do Brasil, por exemplo, equivale ao capeta.
Assim, gênio do cão deve ser entendido como gênio do diabo, do capeta. Nada tem a ver com o pobre do cachorro.

Minhocas na cabeça

Segundo o professor Ari Riboldi, a expressão é uma metáfora do que as minhocas fazem na terra. "A sua presença em um terreno representa a certeza de fertilidade do solo. Elas transformam os vegetais em húmus e, pela ação perfuradora, facilitam a passagem e infiltração da água", afirma.
"As indesejáveis são as minhocas da nossa cabeça, preocupações inúteis, mas que podem nos tirar o sono. Para nos livrarmos delas, somente tirando-as de lá, ou seja, literalmente extraindo-as desse solo impróprio", compara.

Memória de elefante

Você lembra o aniversário de todos os amigos e nem precisa da agenda do celular para ligar para o primo do interior? Então você tem memória de elefante. "O elefante é um bom aprendiz e se lembra de tudo o que lhe é ensinado. Assimila e repete com facilidade inúmeros comandos", afirma o professor Ari Riboldi.
Assim, costuma-se dizer que uma pessoa que prontamente lembra-se de tudo possui memória de elefante. Nada a ver com o tamanho do animal, mas sim com a capacidade de armazenamento de dados.

Tirar o cavalo da chuva

A origem de "tirar o cavalo (ou o cavalinho) da chuva" é bem diferente do significado que a expressão ganhou hoje, que é desistir de uma ideia, de um projeto ou pretensão por não haver nenhuma possibilidade de êxito.
Antigamente, quando o cavalo era o mais comum meio de transporte, amarrar o cavalo em local protegido da chuva significava que a visita seria mais demorada. "Se o convite partisse do próprio anfitrião, 'pode tirar o cavalo da chuva' expressava a satisfação pela visita e o desejo de manter longa conversa", afirma o professor.
Mas hoje, a expressão que era de hospitalidade, de boas-vindas, tomou sentido totalmente oposto. Quando alguém nos diz isso, sabemos que a hora é de desistir, porque não sai negócio nem acordo. "Ao contrário, é hora de montar no cavalo e ir para outra paragem ou freguesia", explica Ari Riboldi.

Estar com a macaca

Em algumas culturas, por influência da religião, acredita-se que certas palavras como demônio, diabo e satã são portadoras de má sorte. "Fazem parte dos tabus linguísticos e devem, portanto, ser evitadas. A simples pronúncia poderia trazer mau agouro, atrair a ira de um deus ou de entidade sobrenatural.  O povo, na sua sabedoria, faz uso de outros vocábulos, uma espécie de eufemismo", comenta o professor Ari Riboldi.
No Nordeste brasileiro, por exemplo, o capeta é substituído pelo termo cão. Estar com o cão é ter o diabo no corpo. Nessa região, é comum ouvir a expressão "cão chupando manga" como sinônimo de algo muito feio, ou seja, como se fosse ver o próprio capeta chupando manga e fazendo caretas. Em outras regiões, o diabo é substituído pelo macaco ou pela macaca. Logo, "estar com a macaca" também é estar endiabrado, ser possuído pelo coisa-ruim, enfim, estar "endemoniado".

Olha o Passarinho

Segundo Ari Riboldi, quando foi inventada a máquina fotográfica, no fim do século XIX, o espaço de tempo para fixar a imagem era mais demorado do que hoje. Na época, as pessoas tinham que ficar minutos olhando fixamente para a lente do retratista, sem se mexer.
Para reter por mais tempo a atenção das pessoas, especialmente das crianças, os fotógrafos costumavam colocar uma gaiola com um passarinho em local acima da máquina e dizer a famosa frase. Hoje em dia, com as imagens sendo capturadas em milésimos de segundo, restou apenas a frase.