Blog

Blog

8 de fev. de 2012

Cantor Wando sofre parada cardíaca e morre aos 66 anos


Morreu na manhã de hoje  (8), por volta das 8h, o cantor Wando. Ele estava com 66 anos e foi internado no dia 27 de janeiro com problemas cardíacos graves no Hospital Biocor, em Nova Lima, em Minas Gerais. Após passar por uma angiolplastia, que reduziu significativamente o risco de morte, o cantor apresentou uma melhora, mas sofreu uma parada cardíaca.
Wando estava com nível de 90% de obstrução de três artérias e precisou respirar com a ajuda de aparelhos durante o período de sua internação. Após a cirurgia de angioplastia, o nível caiu para 40%, sendo considerada uma melhora representativa do ponto de vista da equipe médica.
Apesar de não fumar e não consumir bebidas alcoólicas, Wando mantinha péssimos hábitos alimentares e era bastante sedentário. Ao dar entrada no hospital, ele estava pesando 110 kg, 30 a mais do recomendado pelos médicos. Outro agravante é o histórico familiar do artista: seu pai e irmão também morreram em decorrência de problemas cardíacos.
Wando, o rei das calcinhas
Wanderley Alves dos Reis nasceu no dia 2 de outubro de 1945, em uma pequena fazenda na cidade de Bom Jardim, em Minas Gerais. Ainda criança, mudou-se para Juíz de Fora e ganhou da avó o apelido de Wando.


Em Minas Gerais, começou a estudar violão erudito e já tinha uma banda na cidade de Congonhas, onde tocava em festas da região. Mais tarde mudou-se para Volta Redonda, no Rio de Janeiro, e trabalhou como entregador de leite e de jornal, além de feirante e caminhoneiro.
Desistiu do violão clássico e começou a "fazer canções de amor para as moças", como ele mesmo narrou em sua própria biografia, disponível em seu site oficial. Alcançou o sucesso em 1973, com Nega de Obaluaê, que já ganhou versões de nomes como Pedro Luís e a Parede, João Sabiá, Benito di Paula, Sambasonics, entre outros.
Em São Paulo, gravou com Jair Rodrigues O Importante é Ser Fevereiro, que também estourou no início da década de 70, mas foi com a faixa Fogo e Paixão que ele consolidou sua carreira de cantor e compositor.


Com álbuns intitulados Ui-Wando de Paixão, Obsceno, Depois da Cama e Vulgar e Comum é Não Morrer de Amor, por exemplo, Wando recebeu o título de "o cantor mais erótico do Brasil". Seus shows eram famosos por cenários com camas, haréns e, claro, a distribuição de calcinhas perfumadas.  


Sem Wando, música romântica perde um dos seus ícones



Mais do que a perda do artista, a morte do cantor Wando aos 66 anos nesta quarta-feira, 8 de fevereiro, significa também a ausência de um dos ícones da música romântica no Brasil. O gênero, chamado também de brega, ainda conta com as vozes de Amado Batista, Nelson Ned, Agnaldo Timóteo e Reginaldo Rossi. Mas é fato que, através de sua música, Wando personificou como ninguém os amores e amarguras do homem médio brasileiro.

Eugenio Gurgel/Especial para o EM / 2008


Nascido em 1945 Cajuri, interior de Minas Gerais como Vanderley Alves dos Reis, Wando mudou-se ainda criança para Juiz de Fora. Da capital da Zona da Mata, ele foi para Volta Redonda (RJ), onde trabalhou como feirante, entregador de leite, vendedor de jornal e caminhoneiro. De lá, partiu para Congonhas, onde aprendeu a tocar violão e passou a viver de música com o conjunto Escaravelhos. Nos anos 1970, se mudou para São Paulo para investir na carreira.

Em 1973, ele lançou seu primeiro disco,  Glória a Deus e samba na terra. O trabalho, que trazia o sucesso O importante é ser fevereiro, seguia a linha aberta por Caetano Veloso e Chico Buarque. A guinada para o som romântico e brega veio com o disco seguinte, que levava seu nome. Na sequência, veio a consolidação da carreira com mais onze discos, como Gosto de maçã, de 1978, Gazela, de 1979, Vulgar e comum é não morrer de amor, de 1985 e  Ui: Wando paixão, lançado em 1986.

Em 1988, o disco O mundo romântico de Wando trouxe Fogo e paixão, sua música de maior destaque na carreira. A letra é marcante e conhecida até por quem não está familiarizado com a carreira do cantor: "Você é luz, é raio, estrela e luar / manhã de sol, meu iá iá meu iô iô".

Mas mais do que as músicas, o que realmente levou o cantor para o estrelato foi uma jogada de marketing com calcinhas. A atitude de distribuir as peças íntimas surgiu em 1987 e acabou virando marca registrada de Wando, que sempre recebia de volta das fãs várias calcinhas durante seus shows. Ao longo dos anos, ele garantia ter juntado mais de 17 mil peças e pensava em fazer um museu.

Wando era casado desde 2005 com a belo-horizontina Renata. Ele dividia seu tempo entre o Rio de Janeiro, onde mantinha uma base de negócios, e a capital mineira, onde mora com a mulher e a filha Maria Sabrina, de cinco anos. Ele tinha outros três filhos e oito netos. Seu último disco de inéditas foi Fêmeas, de 2001.

Mesmo sem lançar um trabalho novo há mais de 10 anos, Wando mantinha uma agenda agitada de shows e apresentações. A internação por problemas cardíacos deixou os fãs em suspenso, mas no domingo, 5 de fevereiro, o cantor divulgou um bilhete que garantia o seu retorno. "Eu estou na oficina de Deus arrumando a turbina. Me aguardem!", disse. Mas o coração, cansado de bater por amor, não aguentou esperar.

Assista ao vídeo com a música Fogo e paixão