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22 de jan. de 2012

O Sangrador e o Doutor


A saúde pública no Brasil do século XIX. Curandeiros e barbeiros sangradores se revesavam para preencher a falta de médicos no atendimento da população. Docudrama de 25 minutos exibido no canal da TV Brasil.



Rio de Janeiro, 1820. Um juiz investiga uma denúncia contra Benedito, um ex-escravo de 50 anos.
Tudo começou quando Benedito, barbeiro curador, foi levado até um palacete em Botafogo, onde Dona Ana estava aflita pois seu marido, João Alencar, estava de cama, inconsciente, muito doente.


Dona Ana ouviu dizer que se alguém pode curar seu marido esse alguém é Benedito, o maior sangrador da Cidade Nova. Disposta a tentar de tudo depois dos fracassos dos mais caros e respeitados médicos da Capital, Dona Ana pede que Benedito trate de seu marido. Após um rápido exame, Benedito decide começar o tratamento com uma sangria. Em seguida, deita "bixas" (sanguessugas) pelo corpo de Alencar.

No período entre 1808 a 1821, e mais se quiserem até 1831, o Rio de Janeiro conheceu o maior número de chegada de escravos de sua história. Nunca chegou tanto negro no Rio de Janeiro como nesse período. E a cidade, para quem viesse de fora, tinha toda a aparência de uma grande cidade africana. Os negros dominavam as ruas. Ouvia-se nas ruas mais falar as línguas africanas do que o português.

 

Alberto da Costa e Silva. Historiador
 
Apesar de dois dias depois, Alencar já estar de pé. Ele credita sua recuperação às orações da mulher. Porém Dona Ana admite que recorreu a um barbeiro sangrador. Alencar, então, pede o endereço do ex-escravo, para que possa agradecer pessoalmente. Alencar encontra a pequena casa na Cidade Nova vazia.

Aquilo que os estrangeiros eram incapazes de identificar, porque eles viam tudo como uma grande África, os africanos, eles mesmos, através do uso do corpo como uma verdadeira tela para se identificar. Essas formas ornamentais era uma verdadeira gramática. Ali você identificava uma viúva, você identificava uma moça em idade núbil. Você identificava alguém que pertencia a uma determinada casa de santo.
Mary Del Priore. Historiadora

Ao escutar um falatório e um batuque, ele entra. Nos fundos da casa, Alencar se depara com um culto de candomblé. Horrorizado com a cena, ele vai embora, fazendo o sinal da cruz: sua vida foi salva num ritual pagão. Algo inadmissível para alguém tão católico.

Assista e conheça mais sobre a como era o Brasil do século XIX.

No fim da década de 1820 e início dos anos 1830, observa-se uma série de marcos no processo de institucionalização da medicina, como a criação da Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro, da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e de vários periódicos especializados.
Em 1828 foi extinta a Fisicatura-mor órgão do governo responsável pela fiscalização e regulamentação de todas as atividades relacionadas às artes terapêuticas. Os curandeiros e os sangradores foram desautorizados, excluídos do conjunto de atividades legais. As parteiras foram desqualificadas para uma posição subalterna e tiveram as suas atividades apropriadas, o que serviu à expansão do mercado para os médicos.
Wikipedia


Via BBA