Blog

Blog

4 de jan. de 2012

O Hino Nacional Brasileiro: Parte 1


Introdução

A letra do Hino Nacional Brasileiro foi escrita por Joaquim Osório Duque Estrada (1870 – 1927) e a música, composta por Francisco Manuel da Silva (1795 – 1865).

Osório Duque Estrada e Francisco M. da Silva, autores do Hino.
Escrita em 1909, não é de se admirar que a letra do nosso Hino tenha um estilo bem diferente do estilo atual de literatura, com palavras e expressões que já não se usam hoje em dia e que, por isso, são desconhecidas da maioria das pessoas. Além disso, o poeta colocou as palavras em ordem inversa, o que também confunde os leitores atuais. A finalidade deste artigo é precisamente “traduzir” a letra para uma linguagem atual, evitando, assim, que ela seja cantada sem o entendimento do seu verdadeiro significado. Considerado, por unanimidade, um dos mais belos do mundo, é justo que os brasileiros tenham do seu Hino uma perfeita compreensão.

Inspiração e letra

Para escrever a letra do nosso hino, Duque Estrada inspirou-se na independência do Brasil, proclamada pelo príncipe Dom Pedro, no dia 7 de setembro de 1822. Ei-la, na íntegra:
PRIMEIRA PARTE
Ouviram do Ipiranga às margens plácidas
De um povo heróico o brado retumbante,
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos,
Brilhou no céu da pátria nesse instante.

Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte,
Em teu seio, ó liberdade,
Desafia o nosso peito a própria morte!

Ó pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De amor e de esperança à terra desce,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido,
A imagem do Cruzeiro resplandece.

Gigante pela própria natureza,
És belo, és forte, impávido colosso,
E o teu futuro espelha essa grandeza.
Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!



SEGUNDA PARTE


Deitado eternamente em berço esplêndido,
Ao som do mar e à luz do céu profundo,
Fulguras, ó Brasil, florão da América,
Iluminado ao sol do Novo Mundo!

Do que a terra mais garrida,
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;
“Nossos bosques têm mais vida,”
“Nossa vida” no teu seio “mais amores”.

Ó pátria amada,
idolatrada,
Salve! Salve!.

Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
Paz no futuro e glória no passado.
Mas, se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!

Explicação

PRIMEIRA PARTE
Ouviram do Ipiranga às margens plácidas
De um povo heróico o brado retumbante,
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos,
Brilhou no céu da pátria nesse instante.

Versão livre

Vindo das margens calmas do riacho Ipiranga, ouviram o grito sonoro de um povo heroico e o sol da liberdade, em raios cintilantes, brilhou no céu da pátria nesse instante.

Interpretação

O poeta está se referindo ao grito “Independência ou Morte!”, dado pelo príncipe Dom Pedro, às margens do riacho Ipiranga, em São Paulo, na tarde do dia 7 de setembro de 1822. Ele interpreta o grito do príncipe como o grito do próprio povo brasileiro (“o povo heroico”) e diz que, a partir daquele instante, o sol da liberdade brilhou no céu do Brasil – referindo-se à libertação do domínio de Portugal.
Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte,
Em teu seio, ó liberdade,
Desafia o nosso peito a própria morte!

Ó pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Versão livre

Se conseguimos conquistar, com nosso braço forte, a garantia dessa igualdade, agora, livres, nosso peito desafia a própria morte.O refrão dispensa explicações.
Interpretação
O poeta quis dizer que, se com a nossa luta, conseguimos ser tão livres quanto Portugal, nosso peito, entusiasmado, desafia até a própria morte.
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De amor e de esperança à terra desce,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido,
A imagem do Cruzeiro resplandece.

Versão livre

Oh, Brasil, um sonho intenso, um raio brilhante de amor e de esperança desce à terra, pois em teu formoso céu, alegre e límpido, brilha a imagem da constelação do Cruzeiro do Sul.
Interpretação
Dirigindo-se ao povo brasileiro, Duque Estrada  diz que uma bênção de amor e de esperança desce à nossa terra, porque em nosso belo céu, formoso e límpido, brilha a constelação do Cruzeiro do Sul – símbolo do cristianismo.
Gigante pela própria natureza,
És belo, és forte, impávido colosso,
E o teu futuro espelha essa grandeza.
Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!

Versão livre

Gigante feito pela própria Natureza, tu és belo, forte, corajoso, colossal e o teu futuro reflete essa grandeza! Entre outras mil terras, tu és nossa terra adorada! Dos que nasceram em teu solo, tu és mãe carinhosa, pátria amada, Brasil!
Interpretação
O poeta faz aqui um rasgado e entusiasmado elogio às terras brasileiras. Refere-se ao nosso País como um gigante forjado pela própria Natureza (o Brasil é um dos maiores países do mundo, em extensão territorial), chama-o de belo, forte, corajoso e afirma que essa grandeza terá reflexo no futuro grandioso que está reservado à nossa Nação. Diz ainda que, entre milhares de outras terras, o Brasil é a nossa pátria adorada, mãe carinhosa de todos os que aqui nasceram.

Vocabulário da primeira parte


Ipiranga: riacho de São Paulo, às margens do qual D.Pedro proclamou a independência do Brasil.
Plácidas: calmas, tranquilas.
Brado: grito.
Retumbante: som que se espalha com grande ruído.
Fúlgidos: que brilha, cintilante.
Penhor: garantia
Idolatrada: cultuada, amada.
Vívido: intenso
Límpido: puro, que não está poluído

Cruzeiro: constelação do Cruzeiro do Sul.

Resplandece: que brilha, ilumina.
Impávido: sem medo, corajoso
Colosso: gigantesco, enorme.
Espelha: reflete
Gentil: generosa, carinhosa, acolhedora.

Na próxima edição, a segunda parte do Hino