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25 de jan. de 2012

Guerra dos EUA e Israel contra o Irã já começou, avaliam especialistas


Bandeiras dos Estados Unidos e do Irã - Guerra declarada!

Especialistas militares avaliaram, nesta quinta-feira, que a guerra entre o Irã e os EUA já começou, a julgar pelo movimento de tropas na região e os últimos acontecimentos no cenário montado pelas nações ocidentais no Golfo Pérsico. Fontes ouvidas pela agência espanhola de notícias RicTVatestam que, agora, “é apenas uma questão de horas para o início do conflito armado”. A morte do cientista iraniano em um atentado foi, segundo analistas, um ponto decisivo para o agravamento do quadro de confronto entre as forças norte-americanas, israelenses e do Irã.
A morte de Mostafa Ahmadi Roshan, de 32 anos, engenheiro nuclear iraniano, em um atentado a bomba, nesta quarta-feira, provocou uma onda de revolta em Teerã contra Israel, o principal suspeito, e contra os Estados Unidos, que afirmaram não ter qualquer ligação com o atentado. A edição desta quinta-feira dos principais jornais iranianos pede represálias imediatas contra ambos os países.
“Sob a lei internacional é legal executar represálias com o assassinato do cientista nuclear”, afirma o jornal iraniano Keyhan, em um editorial. “A República Islâmica conquistou muita experiência em 32 anos. Portanto, é possível assassinar autoridades e militares israelenses”, completa o texto. O assassinato domina o noticiário naquele país e muitos criticaram o que chamaram de silêncio do Ocidente sobre as mortes. Os jornais mais radicais pedem, inclusive, uma ação secreta contra Israel.
Ainda prudente em seus pronunciamentos, o governo iraniano disfarça a irritação com o episódio mas garante que obteve provas de que “interesses estrangeiros” estavam por trás da morte do cientista Roshan, subdiretor da central de enriquecimento de urânio de Natanz. Ele morreu quando dois homens, em uma motocicleta, pararam ao lado do automóvel do cientista, retido em um engarrafamento em Teerã, e colocaram uma bomba magnética na porta, após o que se ouviu uma forte explosão.
A bomba também matou o motorista e o segurança de Ahmadi Roshan, enquanto um terceiro ocupante do carro, um modelo Peugeot 405, ficou ferido. O ataque foi similar a outros quatro que aconteceram em Teerã nos últimos dois anos. Três cientistas, incluindo dois que também trabalhavam no programa nuclear iraniano, morreram, enquanto outro – que agora dirige a Agência de Energia Atômica do Irã – escapou por pouco tempo de um atentado.

Capitalismo em declínio

Ao lado do presidente cubano, Raúl Castro, o dirigente iraniano Mahmoud Ahmadinejad passa em revista às tropas
Ao lado do presidente cubano, Raúl Castro, o dirigente iraniano Mahmoud Ahmadinejad passa em revista às tropas
Pomo da discórdia entre o Irã, Israel e os EUA, a energia nuclear foi o tema central dos pronunciamentos realizados em Havana, na noite passada, durante a recepção ao presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejadpromovida pelo presidente cubano, Raúl Castro. Ambos defenderam o direito de todos os países ao uso pacífico da energia nuclear, no clímax da escalada militar em curso na região do Golfo Pérsico.
Os dois governantes “ratificaram o compromisso dos dois países na defesa da paz, do direito internacional e dos princípios da Carta das Nações Unidas, assim como do direito de todos os Estados ao uso pacífico da energia nuclear”, afirma um comunicado oficial.
O apoio cubano ao programa nuclear iraniano foi anunciado na mesma semana em que os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e da Nicarágua, Daniel Ortega, fizeram o mesmo. De acordo com a nota oficial, durante o encontro no Palácio da Revolução de Havana, Raúl Castro e Ahmadinejadconversaram sobre “o excelente estado das relações bilaterais e temas do âmbito internacional”.
– Estamos observando que o sistema capitalista está em decadência, em diferentes cenários, como em um beco sem saída, e é necessária uma nova ordem, uma nova visão, que respeite todos os seres humanos, um pensamento baseado na justiça. Quando já lhe falta lógica recorrem às armas para matar e destruir. Hoje em dia a única opção que restou ao sistema capitalista é matar – disse Ahmadinejad, em uma conferência na Universidade de Havana, onde recebeu o título Doutor Honoris Causa em Ciências Políticas.
Ahmadinejad reivindicou uma nova ordem mundial baseada na justiça e que respeite todos os seres humanos e encorajou Cuba e seus universitários a trabalharem ao lado de seu país para criá-la.
– Temos que estar alertas. Se nós não planejamos a nova ordem no mundo, serão os herdeiros dos donos de escravos e os capitalistas a controlar e impor o novo sistema – afirmou.


Questão de horas


Enquanto Ahmadinejad se movimenta pela América Latina, em busca de uma sólida aliança com países socialistas da
O USS Nimitz posiciona-se ao largo, na costa do Irã, de onde passa a exercer uma ação predatória mais eficaz
O USS Nimitz posiciona-se ao largo, na costa do Irã, de onde passa a exercer uma ação predatória mais eficaz
região, o porta-aviões da classeNimitz, modernizado e com armas mais letais se posiciona próximo ao Estreito de Ormuz. Nos últimos dias, os EUA trasladaram um grupo de militares especializados em desembarque e um batalhão inteiro de marines. A tropa segue embarcada nos navios anfíbiosMakin Island, New Orleans e Pearl Harbor. Soma-se à força naval uma esquadrilha reforçada de helicópteros e um batalhão de retaguarda. As informações foram divulgadas, nesta manhã, pela RicTV.


A agência acrescenta que o serviço de comunicações da Armada norte-americana comunicou que a principal função do novo grupo de combate, encabeçado pelo super porta-aviões é apoiar o exército em suas operações no Afeganistão e participar de manobras internacionais na região. Especialistas ouvidos, no entanto, advertem que o aumento no número de embarcações dos EUA nas costas do Irã é um fator marcante para o aumento da tensão entre os dois países, com desfecho previsto em questão de horas. Fernando Bazán, um dos analistas internacionais, em entrevista aos jornalistas, aponta a escalada do poderio armamentista dos EUA no Mar Arábico.
– De um lado, Washington envia cada vez mais navios de guerra para a região por sua preocupação com o avanço da produção nuclear iraniana, ainda mais depois que Teerã confirmou a produção de urânio enriquecido a 20% em uma instalação subterrânea. De outra parte, o Irã é um dos países mais importantes na política regional e pode influir na maioria dos processos em curso no Oriente Médio, com apoio aos grupos xiitas – afirmou Bazán.
Além do USS Nimitz, o vespeiro em que se encontra o Estreito de Ormuz contará, nos próximos dias, com a presença de um grupo de combate da V Frota Marítima, encabeçado pelo porta-aviões Carl Vinson, com aeronaves a bordo. Estes equipamentos se somam a um outro grupo de navios de guerra estacionado na região desde dezembro último. Estas belonaves já haviam passado pelo Estreito de Ormuz, na divisa entre o Mar de Omán e o Golfo de Áden, por onde circulam 40% do tráfego mundial de petróleo.
o aumenta no Golfo Pérsico e frota russa entra em ‘alerta vermelho’

 Agências internacionais – Madri

Navio russo patrulha o mares que banham o Oriente Médio
Navio russo patrulha o mares que banham o Oriente Médio.
O nível de tensão no Oriente Médio aumentou, nesta quarta-feira, após a elevação para “alerta vermelho” na frota russa que patrulha a região. Segundo fonte do Ministério da Defesa da Rússia, falando à agência espanhola de notícias Rictv, o governo daquele país determinou o reforço na segurança da Rodovia Transcaucasiana e nos mares Cáspio, Mediterrâneo e Negro, diante do iminente ataque de Israel às instalações nucleares iranianas, considerado “inevitável e a ser realizado em prazo muito curto”.
– É possível também o início de uma guerra de grande escala, cujas consequências são totalmente imprevisíveis – adverte.
A preparação da Rússia, na esfera militar, a fim de minimizar as perdas humanas e materiais por conta das possíveis operações bélicas do Ocidente contra o vizinho Irã começou há mais de um ano “e estão praticamente concluídas”, acrescenta a fonte. As tropas na Transcaucasiana e no Mar Cáspio “estão prontas para eventuais combates e os navios de guerra estão posicionados até o Mediterrâneo”, revela.
Em nível oficial não há qualquer pronunciamento quanto aos objetivos do exército e da marinha russos em caso de guerra contra o Irã, mas analistas militares não excluem que, em caso de o Irã ser ameaçado de uma derrota completa, com a ocupação de seu território, a Rússia lhe prestaria ajuda imediata. À frota russa no Pacífico se incorporarão, em mais alguns dias, o porta-aviões francês Mistral e o novíssimo submarino atômico Yuri Dolgoruki. A frota russa no pacífico conta, atualmente, com 49 navios e 22 submarinos.
Embora não tenha recebido nenhum reforço substancial desde 1991, a frota russa no Oriente Médio conta com uma tripulação bem treinada, que espera o apoio de novos submarinos da classe Borei como o Vladimir Monomaj eAlexander Nevski, além dos mísseis balísticos de cruzeiro Mariscal UstinovAlmirante Najimov, em fase de reforma e modernização.


Síria


Aliada histórica do regime sírio, a Rússia não apenas reforçou sua presença em águas internacionais próximas ao país com navios de guerra e submarinos nucleares como avisou à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) que não irá tolerar nenhum tipo de intervenção do Ocidente sob pretexto de “compromisso humanitário”, como ocorreu com a Líbia na época do então coronel Muammar Gaddafi.
Na manhã desta quarta-feira, horário local, ao elevar o nível de prontidão para o vermelho, último antes do início de um conflito armado na região, Moscou assegura seu apoio à soberania dos sírios que, de acordo com a Chancelaria, “vivem um processo de guerra civil”.
Assista ao vídeo publicado nesta quarta-feira
pela rictvanoticiastv (em espanhol):

Em recente mensagem ao Ocidente, o primeiro-ministro Vladimir Putin advertiu que o seu país não permitirá a efetivação de nenhum plano de intervenção que se assemelhe à participação da Otan na Líbia, país bombardeado durante meses sob a desculpa de que se estava protegendo a população civil.
Na Síria, os distúrbios que ocorrem há seis meses mostram que forças rebeldes tentam derrubar o governo, mas o atual presidente conta também com forte apoio popular. Embora enfrente acusações das potências ocidentais de promover um banho de sangue na Síria, Assad confirmou, na noite passada, que irá agir “com mão de ferro” contra os grupos dissidentes, que ele classifica de “terroristas”.



A batalha pelo Estreito de Ormuz se faz cada vez mais iminente

  Por Redação, com Vermelho - de Teerã
O Estreito de Ormuz, no Golfo Pérsico, é fundamental por sua localização geográfica e importância na dinâmica da política mundial
O Estreito de Ormuz, no Golfo Pérsico, é fundamental por sua localização geográfica e importância na dinâmica da política mundial.
Depois de ouvir ameaças dos EUA durante anos, o Irã está tomando medidas que sugerem que considera fechar o Estreito de Ormuz e que tem capacidade para fazê-lo. No dia 24 de dezembro, o Irã iniciou exercícios navais (Operação Velayat-90) no e à volta do Estreito de Ormuz, do Golfo Pérsico e Golfo de Omã (Mar de Omã), ao Golfo de Aden e Mar da Arábia.
Desde o início daqueles exercícios, cresce a guerra de palavras entre Washington e Teerã. Mas nada do que o governo Obama ou o Pentágono disseram ou fizeram, até agora, dissuadiu Teerã de dar prosseguimento aos seus exercícios navais.
A natureza geopolítica do Estreito de Ormuz
À parte ser ponto vital de trânsito para recursos energéticos globais e gargalo estratégico, dois outros aspectos devem ser considerados se se analisa o Estreito de Ormuz e a importância que tem para o Irã:


1) a própria geografia do Estreito; 


2) O papel do Irã na co-administração do estreito, nos termos da legislação internacional e das leis nacionais iranianas.
As embarcações de todos os tipos que passam pelo Estreito de Ormuz sempre mantiveram contato com as forças navais iranianas – a Marinha Regular Iraniana e a Marinha da Guarda Revolucionária do Irã. As forças navais iranianas monitoram e policiam o Estreito de Ormuz, administração compartilhada com o Sultanato de Omã, através de um enclave omanita que há ali, Musandam. Mais importante que isso: para navegar através do Estreito de Ormuz todo o tráfego marítimo, inclusive a Marinha dos EUA, é obrigada a navegar por águas territoriais iranianas; para sair, em muitos casos, cruzam-se águas territoriais de Omã.
O Irã sempre permitiu que embarcações estrangeiras amigas cruzem suas águas territoriais, nos termos, também, da Parte III da Convenção da ONU sobre Lei do Mar e de trânsito por mar, que estipula que as embarcações são livres para navegar pelo Estreito de Ormuz e outros corpos d’água semelhantes, em velocidade constante e sem se deterem, de um porto aberto até águas internacionais. Embora as autoridades de Teerã sigam as rotinas da Lei do Mar, Teerã não é legalmente obrigada a segui-las. Como Washington, Teerã também assinou seu específico tratado internacional e jamais o ratificou.


Tensões entre EUA e Irã no Golfo Pérsico


Atualmente, o Parlamento (Majlis) iraniano está reexaminando o uso de águas iranianas no Estreito de Ormuz, por embarcações estrangeiras. Há projetos de lei em exame, para bloquear o trânsito de embarcações deguerra estrangeiras por águas territoriais iranianas através do de Ormuz sem prévia permissão das autoridades iranianas; a Comissão de Segurança Nacional e Política Exterior do Parlamento do Irã está examinando projetos de lei que manifestarão a posição oficial do Irã, orientada pelos interesses estratégicos e da segurança nacional do Irã.
Dia 30/12/2011, o porta-aviões USS John C. Stennis passou pela área na qual o Irã desenvolvia exercícios navais. O Comandante das Forças Iranianas Regulares, major-general Ataollah Salehi, alertou o USS John C. Stennis e outros navios dos EUA para que não voltassem ao Golfo Pérsico, enquanto durassem as manobras navais do Irã; acrescentou que o Irã não tem o hábito de dar o mesmo aviso duas vezes. Pouco depois do duro aviso iraniano, o secretário de imprensa do Pentágono respondeu, em declaração em que se lia: “Ninguém, nesse governo procura confrontação com o Irã no Estreito de Hormuz. É importante baixar a temperatura”.
Num cenário real de conflito militar com o Irã, é bastante provável que porta-aviões dos EUA tenham de realmente operar de fora do Golfo Pérsico, do sul, do Golfo de Omã e do Mar da Arábia. A menos que já seja operacional o sistema de mísseis que Washington está desenvolvendo nas petromonarquias sul do Golfo Pérsico, deve-se contar com a proibição de que grandes naves de guerra dos EUA cheguem ao Golfo Persa. Isso, por causas associadas à geografia local e às capacidades de defesa do Irã.


A geografia contra o Pentágono: no Golfo Persa, a força naval dos EUA é limitada


As forças navais dos EUA – a Marinha e a Guarda Costeira dos EUA – são as maiores do mundo. Nada se compara às capacidades dos EUA em águas profundas e oceânicas. Mas ser a maior e a mais potente não implica que seja invencível. No Golfo Persa e no Estreito de Ormuz, as forças navais dos EUA são vulneráveis.


Apesar do poder e das muitas capacidades, a geografia trabalha literalmente contra o poder naval dos EUA no Estreito de Ormuz e no Golfo Pérsico. A região, pelo menos em contexto estratégico e militar, é como um canal. Em termos figurativos, os porta-aviões e grandes navios de guerra dos EUA ficam ali confinados, pode-se dizer, “presos”, nas águas costeiras do Golfo Persa
É isso, precisamente, que amplia muito as já altas capacidades dos mísseis iranianos. O arsenal de mísseis e torpedos do Irã tem potencial para neutralizar as armas navais dos EUA em águas do Golfo. Por isso os EUA tanto se empenham hoje para construir um “escudo” de mísseis no Golfo Persa, associando nessa empreitada os países do Conselho de Cooperação do Golfo, já há alguns anos.
Até os pequenos barcos-patrulha iranianos no Golfo Pérsico, que parecem insignificantes e muito pequenos comparados a um porta-aviões ou a um destroier gigantes, são ameaça considerável às naves de guerra dos EUA, naquele cenário. Os barcos-patrulha podem disparar uma barreira de mísseis que, sim, podem danificar muito e, mesmo, destruir grandes navios de guerra. Além disso, os barcos-patrulha iranianos são quase indetectáveis e são alvos difíceis, porque são pequenos e rápidos.


As forças iranianas também podem minar as capacidades navais dos EUA no Golfo com mísseis lançados de terra, do interior do país, nas áreas próximas do norte do Golfo Pérsico. Já em 2008 o Washington Institute for Near East Policy reconheceu a ameaça, para forças navais dos EUA no Golfo, das baterias de mísseis costeiros, dos mísseis terra-mar e dos pequenos barcos armados com mísseis. A Marinha do Irã também conta com drones, veículos anfíbios, minas, equipes de mergulhadores e mini-submarinos, que serão mobilizados em qualquer guerra naval assimétrica contra a 5ª Frota dos EUA.
O próprio Pentágono já comprovou, em simulações, que uma guerra no Golfo Pérsico seria desastrosa para os EUA. Exemplo disso é a operação Millennium Challenge 2002, simulação de guerra no Golfo Persa, feita entre julho e agosto de 2002, cuja preparação consumiu quase dois anos. Essa manobra naval gigante foi das maiores e mais caras jamais organizadas pelo Pentágono. A Millennium Challenge 2002 foi criada pouco depois de o Pentágono decidir que poderia fazer avançar a guerra no Afeganistão, se atacasse Iraque, Somália, Sudão, Líbia, Líbano e Síria, recolhendo ao final, como grande prêmio, o Irã – numa ampla campanha militar que daria aos EUA a primazia no milênio que se iniciava.
Depois de terminada a operação Millennium Challenge 2002, a operação foi oficialmente apresentada como simulação de guerra contra o Iraque de Saddam Hussein. De fato, sempre se tratou do Irã. Os EUA já tinham as avaliações necessárias para a invasão do Iraque, por EUA e Grã-Bretanha, que aconteceria pouco depois. E, detalhe importante, o Iraque jamais teve força naval que exigisse empenho total da Marinha dos EUA.
A Operação Millennium Challenge 2002 foi, sim, simulação de guerra contra o Irã. Só ele tem todas as características de território e forças militares apresentadas como de “Red” – dos botes-patrulha armados com mísseis até as unidades de motociclistas. Aquela simulação monstro foi feita porque Washington planejava atacar o Irã imediatamente depois de invadir o Iraque em 2003.
Não há qualquer dúvida entre os especialistas de que o formidável poder naval dos EUA resulta muito reduzido, pela geografia e pelas capacidades militares nos iranianos, no caso de combate no Golfo Pérsico e, de fato, em grandes partes também do Golfo de Omã. Longe de águas abertas, como no Oceano Índico ou no Oceano Pacífico, os EUA teriam de combater sob condições extremas, sem a garantia de suficiente tempo de resposta e, mais importante, ficarão impedidos de combater de distância (considerada militarmente) segura. Setores inteiros das defesas navais dos EUA, concebidos para combates navais em águas abertas e grandes distâncias entre os combatentes, são absolutamente imprestáveis, nas condições de combate no Golfo Pérsico.


Reduzir a importância do Estreito de Ormuz, para enfraquecer o Irã?


O mundo inteiro sabe da importância do Estreito de Ormuz. E Washington e seus aliados sabem perfeitamente que os iranianos podem fechar militarmente o estreito por período significativo de tempo. Essa é a razão pela qual os EUA estão trabalhando com países do Conselho de Cooperação do Golfo – Arábia Saudita, Qatar, Bahrain, Kuwait, Omã e Emirados Árabes Unidos – para alterar o trajeto de oleodutos que evitem o Estreito de Ormuz e levem o petróleo do CCG diretamente ao Oceano Índico, Mar Vermelho e Mar Mediterrâneo. Washington também tem pressionado o Iraque para que busque vias alternativas em conversações com a Turquia, a Jordânia e a Arábia Saudita.
Esse projeto estratégico interessa muito também a Israel e à Turquia. Ancara tem mantido discussões com o Qatar sobre a instalação de um oleoduto que chegaria à Turquia através do Iraque. O governo turco tentou que o Iraque se interessasse por ligar os campos de petróleo do sul e do norte a rotas de trânsito que atravessariam a Turquia. É o projeto dos turcos, que se veem no futuro como corredor e importante elo de trânsito e ligação de energia.
Se o petróleo puder ser “desviado”, de modo a não ter de passar pelo Golfo Pérsico, ter-se-á removido importante elemento de vantagem estratégica a favor do Irã e contra Washington e seus aliados (removendo-se, ao mesmo tempo, parte considerável da importância do Estreito de Ormuz. Esse “desvio” do petróleo pode bem ser considerado exigência importante, em qualquer preparação dos EUA para guerra contra o Irã. Sem isso, pode-se dizer que os EUA não farão guerra ao Irã.
Nesse contexto inscrevem-se os oleodutos Abu Dhabi Crude Oil Pipeline ou Hashan-Fujairah Oil Pipeline, projeto patrocinado pelos Emirados Árabes Unidos e que dispensaria rota marítima pelo Golfo Pérsico e o Estreito de Ormuz. O projeto foi concluído em 2006, o contrato assinado em 2007 e a construção começou em 2008. Esse oleoduto liga diretamente Abdu Dhabi ao porto de Fujairah no litoral do Golfo de Omã, no Mar da Arábia. Em outras palavras, levará o petróleo exportado pelos Emirados Árabes Unidos diretamente ao Oceano Índico. Foi apresentado oficialmente como meio para garantir segurança energética, evitando Hormuz (e tentando evitar também o exército iraniano). Além do oleoduto, o projeto prevê também a construção de um reservatório para armazenamento de petróleo em Fujairah – que está previsto para manter o fluxo de petróleo para o mercado internacional, no caso de o Golfo Pérsico ser fechado.
Além do oleoduto Petroline (oleoduto saudita, leste-oeste), a Arábia Saudita também procura rotas alternativas, examinando portos vizinhos na costa sul, na Península Arábica, em Omã e no Iêmen. O porto de Mukalla, no Iêmen, no litoral do Golfo de Aden tem atraído especial atenção de Riad. Em 2007, fontes israelenses informaram com algum alarde que começava a ser projetado um oleoduto que ligaria os campos de petróleo sauditas aos portos de Fujairah nos Emirados Árabes, Muscat em Omã e Mukalla no Iêmen. A reabertura do Oleoduto Iraque-Arábia Saudita– o qual, por ironia, foi construído por Saddam Hussein, que tentava escapar também do Estreito de Ormuz e do Irã – também foi discutida entre sauditas e governo do Iraque em Bagdá.
Se Síria e Líbano fossem convertidos em estados-clientes de Washington, seria possível ressuscitar o falecido oleoduto Trans-Arabian (Tapline), além de outras rotas que vão da Península Arábica à costa do Mediterrâneo pelo Levante. Cronologicamente, esse projeto explica os esforços de Washington para derrubar os governos de Síria e Líbano, tentando isolar o Irã, antes de os EUA atacarem diretamente Teerã.


Os exercícios navais da Marinha do Irã, Operação Velayat-90, que se realizaram em área bem próxima da entrada do Mar Vermelho no Golfo de Aden, fora de águas territoriais do Iêmen, também se estenderam pela parte do Golfo de Omã frente ao litoral de Omã e litoral leste dos Emirados Árabes Unidos. Dentre outras coisas, a operação Velayat-90 deve ser interpretada como sinal de que Teerã está preparada para operar também fora do Golfo Pérsico; e que pode bombardear ou bloquear também os oleodutos que tentam ‘desviar’ do Estreito de Ormuz.
Também nesse caso, a geografia joga a favor do Irã. As rotas ditas “alternativas”, porque evitam o Estreito de Ormuz, nem por isso alteram o fato de que a maioria dos campos de petróleo dos países que integram o Conselho de Cooperação do Golfo localiza-se no Golfo Pérsico ou em áreas próximas do litoral – o que implica que são alcançáveis pelos mísseis de longa distância dos iranianos. Como no caso do oleoduto Hashan-Fujairah, os iranianos podem facilmente interromper o fluxo de petróleo, pode-se dizer, na origem. Teerã sem dúvida deslocaria forças de terra, mar e ar, além dos mísseis, e forças anfíbias para todas essas áreas. De fato, o Irã nem precisa fechar o Estreito de Ormuz; os iranianos, de fato, têm ameaçado bloquear o fluxo de petróleo (o que não precisa ser feito, necessariamente, com bloqueio do Estreito de Ormuz).


Aos EUA só restou Guerra Fria, na disputa contra o Irã


Washington está em ofensiva contra o Irã, usando todos os meios ao seu alcance. As tensões em torno do Estreito de Ormuz e do Golfo Pérsico são apenas um dos fronts de uma muito perigosa guerra fria regional, de muitos fronts no Oriente Médio expandido, entre Teerã e Washington. Desde 2001, o Pentágono está em processo de reestruturação para “guerras não convencionais”, pensando em inimigos como o Irã. Mas a geografia sempre operou contra o Pentágono e os EUA – e é o que explica que ainda não tenham encontrado solução para o dilema naval, no Golfo Pérsico. Sem poder recorrer à guerra convencional, os EUA tiveram de recorrer, no caso do Irã, à guerra de espionagem, guerra econômica e guerra diplomática.